Obesidade – A vilã da vez

Publicado em 19/08/2013

Alguns donos acreditam que a obesidade em gatos não é um problema sério e sim sinal de boa saúde. Dentro dessa teoria completamente equivocada esconde-se primeiro a responsabilidade do próprio dono como causador da obesidade de seus animais e, segundo, as doenças que podem se transformar em crônicas e até levar o animal a óbito. Tudo que é demais é ruim, já diz o velho ditado. O exagero no oferecimento de guloseimas, muitas delas não específicas para os animais – como pães, doces, biscoitos e até restos de comida – também beneficia o desenvolvimento da obesidade. Nem por isso os petiscos específicos para animais podem ser oferecidos à vontade. Em excesso eles também são prejudiciais à saúde. Conversamos com a Dra. Márcia Marques Jericó, especialista em doenças endócrinas e metabólicas em cães e gatos sobre esse tema. Confira!
RPG – No seu ponto de vista, a obesidade está ligada ao oferecimento exagerado de guloseimas?
Dra. Márcia – Está claro, por inúmeros estudos já realizados, que a obesidade está diretamente relacionada ao oferecimento exagerado de guloseimas. Os petiscos, ou guloseimas, apresentam elevado teor calórico, uma vez que são palatabilizados com gorduras e açúcares.

RPG – Além da obesidade, quais outros problemas podem surgir? Quais os mais graves?
Dra. Márcia – Problemas ortopédicos  (doenças articulares degenerativas e hérnias/extrusões de disco intervertebrais), problemas cardiovasculares (hipertensão e hipóxia de miocárdio) e metabólicos (síndrome metabólica, diabetes e arteriosclerose). E todos são graves, cada um a sua maneira.

RPG – Existe algum tipo de petisco que pode ser oferecido aos pets sem problemas? E qual a quantidade e frequência?
Dra. Márcia – Os petiscos ideais são aqueles pobres em gorduras e açúcares. Devem ser fornecidos na menor frequência possível, não podendo substituir a alimentação, e o ideal é usá-los sempre como forma de premiação.

RPG – Alguns donos simplesmente não resistem às caras “pidonhas” de seus bichinhos, sobretudo na hora das suas refeições. A desculpa, quase sempre, é a de que: “Coitadinho, ele vai ficar com vontade”… Isso é real?
Dra. Márcia – Como já me disse um proprietário certa vez: “Sabe o que engorda o meu animal, doutora? É o ‘coitadinho’…”  Se o proprietário não resiste aos apelos do animal, o correto é não estar junto com ele no momento das refeições.

RPG – 5 razões médicas para que os donos digam “Não!” às guloseimas
Dra. Márcia – Aumento do colesterol, aumento dos triglicérides, diabetes mellitus, hipertensão e obesidade.

RPG – Os petiscos próprios para cada espécie podem ser oferecidos aos animais sem restrição?
Dra. Márcia – De maneira alguma! Os petiscos devem ser oferecidos com parcimônia.

RPG – Depois de mal-acostumado aos mimos alimentares proporcionados por  seus donos, o que pode ser feito para reverter essa situação?
Dra. Márcia – Simplesmente promover as mudanças de hábitos alimentares, com restrições ao fornecimento excessivo de guloseimas. Os animais logo se habituam e as mudanças benéficas em seu estado geral serão observadas de imediato.

RPG – Muitos donos acham lindo ter gatos gordinhos – para esses donos gordura é sinônimo de saúde. O que a Sra. diria sobre isso?
Dra. Márcia – Posso dizer que indivíduos obesos, inclusive gatos, não têm longevidade, isto é: vivem pouco. É melhor que os proprietários que acham que ser obeso é bonito reverem este conceito.

RPG – Como o dono pode identificar que seu amiguinho passou da gordura “saudável” e está obeso? Quais são os primeiros sintomas indicativos da doença?
Dra. Márcia – Primeiramente, não existe gordura saudável. Toda obesidade é mórbida… Percebe-se que o animal (gato ou cão) está obeso quando ele perde a linha da cintura (quando visto por cima) e quando apresenta depósitos de gordura nos flancos e na região esternal. Os primeiros sintomas são o cansaço fácil e a relutância à atividade física.

 
Profa. Dra. Márcia Marques Jericó, coordenadora do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi e coordenadora do Obezoo, grupo que estuda a obesidade em cães na Universidade Santo Amaro (SP).
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