O mês de agosto, conhecido popularmente como mês do cachorro louco, faz alusão ao comportamento produzido pelos animais quando são atingidos pelo vírus. Então, como sabemos que você, gateiro preocupado, tem mil dúvidas sobre o assunto, nós, da Pulo do Gato, conversamos com Ekaterina Alexandrovna Durymanova Ono, especialista em medicina preventiva e saúde animal, com ênfase em antivirais contra raiva para desmistificar as inverdades que contam por aí sobre a doença nos felinos, além de dar um panorama da contaminação do vírus pelo Brasil e das medidas que estão sendo estudadas para conter a sua transmissão. Podemos adiantar que há avanços!
Porque em cães é mais comum?
Os casos de raiva em cachorros são maiores do que em gatos, mas essa diferença pode ser explicada por algumas razões. “Os cachorros, geralmente, são mais sociáveis do que os gatos, e eles tendem a ficar mais soltos na rua”, conta Ekaterina.
Fora os fatores relacionados ao comportamento e à criação, a variante do vírus é aspecto importante para a doença ser mais frequente em cachorros. “No Brasil, circulam um bocado variantes do vírus e a variante do cão tem mais facilidade de se multiplicar no hospedeiro canino, já que o cão pode contrair a doença de qualquer mamífero infectado”, explica.
Transmissão do vírus
Segundo Ekaterina, assim como nos cachorros, a raiva felina tem como principal meio de transmissão a mordida, já que o vírus é liberado pela saliva do animal infectado, e arranhões, pois como se lambem muito, existe saliva nas unhas. “O gato pode ser infectado via oral se ele tiver uma ferida na cavidade bucal e se ele lamber um gato infectado na área perto da boca. Ou seja, acontece o contágio quando um animal não infectado tem contato com a saliva do animal infectado. O gato pode ser infectado também pela mordida do morcego ou quando comer o cérebro do animal infectado”, ressalta.
Medidas de segurança
Quando o tutor notar uma dessas etapas, deve seguir um protocolo de segurança para que não corra o perigo de se contagiar com o vírus. “O proprietário tem que isolar o animal e notificar, imediatamente, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da sua região. O diagnóstico pode ser feito só por um médico veterinário, pois há outras enfermidades, como tétano, peritonite infecciosa felina, toxoplasmose e outras, que podem ser confundidas com a raiva”, aconselha. Nos CCZs os animais são observados e alimentados adequadamente, para que possa ser possível acompanhar a evolução do quadro. “Se o diagnóstico é comprovado o animal é eutanasiado. Algumas vezes o diagnóstico é feito após a morte do animal porque o animal vem a óbito antes”, revela.
Reprodução | A maioria dos casos de humanos infectados pelo vírus da raiva tem como o transmissor o cachorro, gato ou morcego
Mapa da raiva felina
Segundos dados do Ministério da Saúde, em 2016, foram registrados, em todo o país, oito casos de raiva transmitida por felinos, sendo que quatro estão situados na região Sudeste, no estado de São Paulo. Os municípios afetados são:
– Boa Vista, Roraima
– Baixa Grande, Bahia
– Pindamonhangaba, São Paulo
– Ribeirão Preto, São Paulo
– Campinas, São Paulo
– Itapetininga, São Paulo
– Aracajú, Sergipe
– Maceió, Alagoas