Seu gato possui alguma sensibilidade?

Publicado em 30/07/2024

Confira como você pode descobrir isso observando o pet em casa

Foto: Imagem de Franz W. por Pixabay

Que nossos gatinhos são animais especialmente sensíveis a mudanças de rotina e carinhos em certas partes do corpo, todo gateiro sabe. Porém, existem outras sensibilidades pelas quais a espécie pode ser acometida e que exigem atenção do tutor para que sejam detectadas e tratadas. “Gatos são criaturas enigmáticas e excelentes em esconder sinais. Portanto, nem sempre é fácil notar suas sensibilidades, mas é essencial fornecer o melhor cuidado para nossos gatos alcançarem o máximo de sua saúde”, aponta Letícia Tortola, mestre em Nutrição de Cães e Gatos. Ainda segundo a veterinária, gatos estão predispostos a desenvolver diversos tipos de sensibilidades, como apetite aparentemente insaciável, propensão à formação de bolas de pelo ou de tártaro, sensibilidade digestiva (que vem sendo bastante comum), além de questões relacionadas à saúde da pele e da pelagem. “Cada uma das sensibilidades pode gerar desconforto e, em alguns casos, até mesmo complicações de saúde. Por exemplo, gatos que possuem sensibilidade digestiva, quando agravada, pode causar problemas gastrointestinais recorrentes, resultando em desconforto e má absorção de nutrientes essenciais. As bolas de pelo também podem causar incomodo e até mesmo constipações e obstruções intestinais. E realmente o primeiro passo é o tutor reconhecer essas sensibilidades. Ele pode notar que seu gato tem forte tendência a pedir por comida entre as refeições, está regurgitando bolas de pelo, vem apresentando sinais ocasionais de desconforto digestivo ou fezes amolecidas ou se ele está com a pelagem opaca ou a pele ressecada”, alerta Letícia.
Lara Mantovani Volpe, mestre em Clínica Médica com ênfase em Nutrição de Cães e Gatos, chama a atenção para as sensibilidades alimentares. “Elas fazem parte das reações adversas aos alimentos (RAA), termo que engloba qualquer resposta clínica anormal ou exagerada relacionada à ingestão de alimentos. A RAA pode ter origem não alérgica, como no caso das intoxicações e intolerâncias alimentares, ou alérgica (imunomediado), como é o caso da hipersensibilidade alimentar. Para os gatos, estima-se que cerca de 1% a 6% dos casos de doenças de pele seja decorrente da hipersensibilidade alimentar”, comenta Lara.

O QUE FAZER?
Segundo Letícia, as sensibilidades que afetam os gatos são um sinal de alerta para o tutor e devem ser cuidadas desde o início, pois podem se agravar e ter um impacto significativo em sua qualidade de vida.
Em casos de hipersensibilidade alimentar, Lara aponta que cada animal pode responder de uma forma diferente. “De modo geral, é normal ocorrer sinais clínicos associados à pele, sob forma de vômitos ou diarreia ou por uma associação dessas duas formas (cutânea e gastrointestinal). Um dos sinais clínicos mais evidentes e que chama bastante atenção na hipersensibilidade alimentar em gatos é a coceira (prurido) intensa, que pode ser generalizada ou localizada em algumas regiões, principalmente na face e no pescoço”, revela a médica-veterinária, que ainda continua: “nos casos em que o prurido é intenso, é normal observar o aumento do hábito de lambedura, o que pode levar a queda de pelo, vermelhidão e até lesões mais graves na pele. Além disso, cerca de 10% a 15% dos casos de hipersensibilidade alimentar também podem apresentar vômito ou diarreia, podendo estar associados ou não aos sinais clínicos cutâneos”.

CAUSAS
Para Letícia, as sensibilidades podem estar relacionadas a condições genéticas e manejo inadequado, mas também algumas sensibilidades fazem parte dos hábitos da espécie, como a formação das bolas de pelos. “A doença periodontal, por exemplo, é amplamente reconhecida como a condição de saúde mais comum em gatos com menos de 10 anos de idade; por isso sua prevenção é tão importante, com a escovação constante e ouso de alimentos especificamente desenvolvidos para reduzir a formação do tártaro”, exemplifica a veterinária.
No caso da hipersensibilidade alimentar, Lara diz que o mecanismo que leva ao desenvolvimento desta doença em gatos é bastante complexo e ainda não é totalmente compreendido pelos veterinários. “Contudo, sabe-se que a origem da hipersensibilidade alimentar está na produção de anticorpos que identificam como ameaça nutrientes do alimento”, explica a médica-veterinária.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Para cada tipo de sensibilidade existe um manejo adequado, que é indicado pelo veterinário. “É preciso escolher um alimento adequado para cada sensibilidade com a orientação do veterinário, além de outras medidas de manejo, como realizar a escovação dos dentes regularmente e escovar diariamente a pelagem com escova apropriada”, aponta Letícia.
Já quando se trata de hipersensibilidade alimentar, Lara aponta que ainda não se sabe ao certo quais fatores podem contribuir para que o sistema imunológico comece a reconhecer nutrientes como antígenos alimentares. Portanto, não há uma forma de prevenção definida. “Não existe cura para hipersensibilidade alimentar, porém com o tratamento adequado é possível controlar os sinais clínicos e promover qualidade de vida ao animal. O conceito do tratamento é relativamente simples: não expor o animal ao antígeno alimentar ao qual é sensibilizado. Para isso, o gato deve ser alimentado exclusivamente com um alimento coadjuvante hipoalergênico. A característica central de uma dieta hipoalergênica é ter um baixo potencial alergênico, por meio de uma formulação contendo uma única fonte de proteína (inédita ou hidrolisada) e uma única fonte de carboidrato, de preferência à qual o animal nunca tenha sido exposto. A preferência nas dietas para hipersensibilidade alimentar tem sido o uso de fontes de proteína hidrolisada, que por terem passado por um processo de hidrólise enzimática e possuírem baixo peso molecular, não são reconhecidas pelo sistema imunológico e não apresentam a capacidade de se ligarem a duas ou mais imunoglobulinas, não precipitando a reação alérgica. Esta é uma grande vantagem da dela com relação ao uso da proteína inédita, já que muitos tutores podem não ter certeza de quais tipos de proteína o animal já teve contato ao longo da vida”, finaliza Lara.

Agradecemos Lara Mantovani Volpe, Médica-veterinária com residência em Nutrição e Nutrição Clínica de Cães e Gatos, realizada sob orientação do professor Dr. Aulus Carciofi, pela UNESP/Jaboticabal (2018) e mestrado na área de Clínica Médica com ênfase em Nutrição de Cães e Gatos na mesma instituição (2020). Atualmente trabalha na Adimax como Analista Técnico Científico; Letícia Tortola, Médica-veterinária e Coordenadora de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil. Atua na área Técnica há mais de 15 anos. Possui residência e mestrado em Nutrição de Cães e Gatos e MBA em Gestão de Projetos. Também é professora do módulo de ingredientes para a indústria pet food no curso de pós-graduação em Nutrição de Cães e Gatos da Anclivepa-SP.


Por Samia Malas


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