Em felinos, esporotricose é a zoonose que mais preocupa

Publicado em 07/02/2025

Doença tem crescido no Brasil e exige atenção de veterinários e donos de gatos

Foto: Imagem de Joanna Reichert por Pixabay

A esporotricose vem causando muita preocupação. Doença causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis (nova espécie descoberta só em 2007), e altamente virulenta, ela parasita e infecta os gatos. Este patógeno é desafiador, pois forma biofilme e pode ficar latente, sem clínica. Aliás, a esporotricose tem se alastrado pelo Brasil sem nenhuma política de controle epidemiológico. Para se ter uma ideia, entre 2011 e 2021, o número de felinos diagnosticados com a doença subiu 1.342%, ou seja, de 71 para 1.024 casos, de acordo com levantamento feito pelo Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores (Labzoo), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo. A doença também tem crescido no estado do Rio de Janeiro, cujos casos notificados em 2019 na capital carioca representam 10% da população felina da cidade. “A esporotricose vem tendo destaque maior nos últimos 10 anos pela expansão geográfica para todas as regiões do Brasil e para alguns países vizinhos, como Argentina, Chile e Paraguai. Cabe ressaltar, que o Brasil possui a maior casuística publicada de esporotricose animal no mundo desde o início dos anos 2000”, acrescenta Sandro Antonio Pereira, médico-veterinário Chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo) e do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ainda segundo ele, lamentavelmente, o gato doente é a principal fonte de infecção de Sporothrix brasiliensis para outros animais e para o ser humano (deixando claro que o gato não é um vilão). “Dessa forma, as ações de controle e prevenção devem necessariamente passar pela população felina, o que é uma tarefa muito complexa. É uma doença que acomete, de uma forma geral, populações economicamente desfavorecidas, então, o diagnóstico e tratamento gratuitos, assim como a castração de animais e cremação de carcaças, seriam medidas importantes para a tentativa de controle dessa enfermidade em uma região. Adicionalmente, problemas relacionados à guarda responsável representam um outro desafio no combate dessa micose, sendo importante a implementação de ações de educação em saúde”, lista Sandro.
Dra. Leila Lopes Bezerra, é CEO e fundadora da BIDiagnostics, startup responsável pelo desenvolvimento de um teste sorológico inovador que não só diagnostica a esporotricose como monitora a cura da infecção (cura micológica) e a resposta ao tratamento. O Sporothrix spp IgG ELISA (RUO) foi validado para o Sporothrix brasiliensis e já está disponível em laboratórios de referência como o TECSA (teste felino) e a rede DASA (teste humano). A BIDiagnostics também está desenvolvendo um Teste Rápido, segundo explica Leila, em conceito de Point of Care (POC), que poderá ser usado como teste de triagem no momento da consulta pelo médico-veterinário, pois permitirá que o profissional realize o diagnóstico em 15 minutos, reduzindo custos, simplificando a logística e diminuindo o tempo de diagnóstico. Ainda segundo Leila, atualmente, o teste padrão-ouro para detectar a doença, o teste micológico, é demorado (de 15 a 30 dias), envolve mais custos para ser realizado e a taxa de falsos negativos é alta uma vez que o animal tenha iniciado um tratamento, pois a droga antifúngica é de livre acesso aos tutores. O novo teste rápido, que deve ser lançado em breve, será feito através de coleta de uma gota de sangue do animal (semelhante ao que é feito em teste para FeLV ou leishmaniose) e será mais uma forte ferramenta para triagem e diagnóstico da doença.

Por Samia Malas



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