Confira as principais enfermidades que acometem felinos e como você pode evitá-las

Prezar pelo bem-estar e pela saúde felina envolve uma série de cuidados aos quais os tutores precisam ficar atentos, como os protocolos de vacinação, forma mais eficaz de se evitar doenças graves que acometem felinos — e que também podem afetar as pessoas que convivem com o animal. Para entender melhor sobre as doenças mais comuns em gatos, confira as principais formas de contaminação, sintomas e prevenção.
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DOENÇAS INFECCIOSAS
Elas são responsáveis por uma grande proporção de doenças em gatos, como a FIV (imunodeficiência viral felina), a FeLV (leucemia viral felina), a PIF (peritonite infecciosa felina) e as doenças do trato respiratório, como rinotraqueíte (ou herpesvirose) e calicivirose, que também são muito prevalentes. “Elas podem acometer gatos de todas as idades, principalmente os que não estão com a vacinação em dia. As maiores taxas de infecção com os agentes infecciosos se dão nos animais filhotes que têm o sistema imunológico imaturo, mas mesmo gatos adultos não vacinados podem se infectar, caso tenham contato com gatos infectados”, afirma a médica-veterinária Priscila Rizelo. Ainda segundo ela, as doenças infecciosas podem se apresentar de diferentes formas, dependendo do agente infeccioso causador da doença. “A melhor forma de prevenção das doenças infecciosas é por meio da vacinação”, acrescenta Priscila.
Segundo a médica-veterinária Julcynete Magalhães, as vacinas polivalentes ou múltiplas podem evitar doenças como panleucopenia, calicivirose, rinotraqueíte, clamidiose e leucemia viral felina; já a antirrábica previne a raiva, que também atinge os gatos. “Muitas vezes o tutor deixa de vacinar por considerar que o animal não corre risco, quando na verdade é essencial para que se mantenha saudável. Mesmo se tratando de um pet que fica a maior parte do tempo dentro de casa, como é comum entre os gatos, o animal pode ser contaminado de diversas outras formas”, alerta. A veterinária lembra que, para prevenir diversas doenças, são necessárias duas doses iniciais das vacinas tríplices, quádruplas ou quíntuplas felinas, sendo a primeira dose aplicada a partir de nove semanas de vida (para a v3 e a v4) ou 8 semanas de vida para a v5. A segunda dose é feita 28 dias após a imunização inicial. As vacinas também precisam de reforço todos os anos, uma dose. A antirrábica é aplicada a partir dos três meses (12 semanas) de idade, com apenas uma aplicação e reforço anual.
As principais doenças infecciosas em felinos que os tutores de gatos precisam conhecer são:
1 Panleucopenia: também conhecida como enterite infecciosa viral felina, é causada pelo vírus panleucopenia felino (VPF) e está associada à parvovirose canina. É considerada uma doença viral grave que acomete felinos domésticos e selvagens. O gato pode ser infectado por fezes e vômito de outros animais doentes. Entre os sintomas mais comuns, estão vômito e diarreia. Após ser contaminado, o animal pode vir a óbito por desidratação. A doença é mais comum entre os filhotes;
2 Calicivirose: é uma doença respiratória considerada grave, que acomete o pulmão e o trato respiratório de gatos em qualquer idade. A enfermidade é causada pelo calicivírus felino, e a transmissão geralmente acontece por meio do contato com saliva ou secreção nasal de animais infectados. Úlcera na boca, infecção bacteriana secundária, alveolite fecal, lesão articular e artrite são os principais sintomas da contaminação;
3 Rinotraqueíte: uma das doenças respiratórias felinas, a patologia afeta gatos de todas as idades e é causada por três agentes: herpesvírus felino, calicivírus felino e bactéria Chlamydophila felis. O animal doente geralmente é o principal transmissor da enfermidade. Entre os principais sintomas, estão: herpes na garganta, nariz, boca e no trato respiratório, conjuntivite e lesões no olho, além de espirros, secreção nasal, falta de apetite e apatia;
4 Clamidiose: é considerada uma zoonose, ou seja, é transmitida também para seres humanos. A doença é causada pela bactéria Chlamydia felis, popularmente conhecida como clamídia. Trata-se de uma infecção muito comum em gatos e que está associada a doenças do sistema respiratório felino. É importante não deixar o gatinho entrar em contato ou ficar no mesmo ambiente de outro animal contaminado, por ser uma doença extremamente contagiosa. Os principais sintomas são conjuntivite e úlcera na boca, corrimento nasal e ocular persistente, espirros, dificuldade respiratória, febre e falta de apetite;
5 Leucemia viral felina: é uma das doenças consideradas mais graves para os felinos. O vírus da leucemia felina (FeLV) é transmitido principalmente por secreções, como saliva de gatos que já foram contaminados. Quando o animal é positivado, a imunidade cai e ele fica mais suscetível a outras doenças, o que agrava a situação. É uma doença de difícil detecção, pois apresenta os sintomas de forma lenta, além de tumores internos. É comum que o tutor procure ajuda especializada quando já é muito tarde. A doença não tem cura, e pode ser prevenida apenas com um tipo de vacina, a quíntupla;
6 Raiva: Raiva: é uma das doenças mais graves para pets e não tem cura. A raiva é transmitida pela saliva ou pela mordida de um animal enfermo. Após a infecção, o vírus age no sistema neurológico do pet, levando-o à morte. Entre os sintomas iniciais, estão febre, dor de cabeça, salivação excessiva, espasmos e paralisia. Trata-se de uma zoonose, e a única forma de prevenção é a vacina antirrábica.

OBESIDADE
Infelizmente, esta é uma condição altamente prevalente atualmente nas clínicas veterinárias. “Os dados epidemiológicos globais nos mostram que mais da metade da população de gatos pode estar acima do peso. Apesar de parecer fofo, os quilos a mais podem vir acompanhados de uma série de prejuízos para a saúde dos gatos, com uma maior predisposição ao desenvolvimento de diabetes e doenças articulares, bem como redução da qualidade e expectativa de vida”, explica Priscila. Ainda segundo ela, a obesidade pode ocorrer ainda em filhotes quando o manejo alimentar é inadequado, porém, sua maior prevalência se dá em gatos adultos, até os 10 anos de idade. “A melhor forma de prevenção é por meio da escolha do alimento adequado para a necessidade de cada gato, bem como o cálculo adequado da quantidade diária de alimento, de acordo com o grau de atividade do gato. Apesar de ser uma prática bastante comum, oferecer alimento à vontade, sem controle da quantidade, pode fazer os gatos ingerirem mais calorias do que o necessário para manutenção e muito mais do que conseguem gastar, considerando que a maior parte dos gatos faz pouca atividade diária”, ensina.
Para saber se um felino está obeso, os principais sinais observados são o aumento do peso na balança e a observação de depósitos de gordura em diferentes regiões do corpo. “A palpação das costelas também é uma ótima forma de ver como estão os depósitos de gordura corporal dos nossos gatos. Para uma avaliação precisa, é sempre bom contar com o médico-veterinário de confiança”, enfatiza Priscila.
DOENÇAS DO TRATO URINÁRIO INFERIOR
Frequentes nos felinos, as doenças do trato urinário inferior são consequência de uma característica ancestral e natural dos felinos: a baixa ingestão de água. “Porém, quando associado a um estilo de vida indoor, com poucos estímulos e alimentação de baixa qualidade, pode predispor os gatos ao desenvolvimento de cistites, cristais e cálculos urinários. As doenças do trato urinário inferior eventualmente podem se apresentar como uma emergência clínica quando acompanhados de obstrução das vias urinárias”, revela Priscila. Assim, a veterinária ressalta que as doenças urinárias, em grande parte, podem ser prevenidas estimulando-se a ingestão de água, fornecendo diversos potes e fontes pela casa, com diferentes formatos e características, para que seja possível atender as preferências individuais de cada gato. Além disso, oferecer alimentos úmidos diariamente favorece muito a ingestão de água, uma vez que esse tipo de alimento possui grande quantidade de água em sua composição. Todas essas soluções ajudam a diluir a urina dos gatos e aumentar a frequência de micção, diminuindo a chance de formação de cristais e cálculos. Como sinais observados pelos tutores, podemos citar a presença de sangue na urina, dificuldade para urinar, vocalizações ou sinais de desconforto e micção em locais inapropriados (fora da caixa de areia), entre outros”, ressalta.
Ainda falando sobre o trato urinário, Priscila destaca que não podemos deixar de citar a ocorrência da doença renal crônica, que também tem alta prevalência em gatos, principalmente os idosos. “Esta é a causa número um de morte em gatos com mais de 5 anos e afeta de 30% a 40% dos gatos com mais de 10 anos de idade. É uma condição progressiva e altamente complexa, difícil de diagnosticar, uma vez que o início dos sintomas geralmente é tardio, quando pelo menos 75% da função renal já foi perdida. A predisposição aumenta quando o manejo hídrico (de ingestão de água) é inadequado e/ou quando o alimento fornecido ao gato é de baixa qualidade, com alta concentração de minerais em sua composição”, diz.
Assim, as formas de prevenção envolvem check-ups frequentes para que a função renal seja acompanhada por meio de exames de sangue, urina e imagem. “Quanto aos sinais, geralmente eles envolvem vômitos, diminuição ou perda de apetite, perda de peso, aumento da ingestão de água e aumento do volume de urina”, comenta Priscila.
FIQUE ATENTO
Além das vacinas, a nutrição também tem um papel fundamental no suporte à saúde e como coadjuvante no tratamento de várias doenças. “É fundamental sempre estarmos atentos ao comportamento dos nossos gatos e aos sinais sutis que eles manifestam, já que os gatos são experts em esconder sinais quando não estão se sentindo bem. Os gatos devem frequentar o médico-veterinário pelo menos uma vez ao ano, mesmo que pareçam saudáveis. Quando idosos, a recomendação é que a frequência de visitas ao veterinário seja a cada 6 meses, pelo menos”, finaliza Priscila.
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Agradecemos a colaboração de:
– Julcynete Kananda Magalhães Sobrinho Médica-veterinária pela Universidade Federal de Rondônia. Trabalhou como promotora técnica em duas empresas antes de ingressar na distribuidora VetBR na Saúde Animal, onde atua como supervisora técnica.
– Priscila Rizelo Médica-veterinária com pós-graduação em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, com certificado avançado em Comportamento Felino pela Sociedade Internacional de Medicina Felina e como Cat Friendly Veterinarian pela Associação Americana de Medicina Felina. Iniciou sua trajetória profissional como clínica de pequenos animais, passando pelas posições de Consultora Técnica e Consultora de Vendas. Em 2017, passou a integrar o time de uma indústria multinacional de alimentos como Felinocinotécnica e segue até hoje como Coordenadora de Comunicação Científica dessa empresa.
Por Samia Malas