Acidentes com animais peçonhentos: o que fazer?

Publicado em 24/10/2024

Picadas de abelhas, escorpiões, cobras, aranhas, lacraias e marimbondos podem ser uma ameaça à saúde dos gatos

Foto: kozorog/iStockphoto

Os pets que vivem em áreas rurais ou locais próximos a rios, lagos e matas estão mais suscetíveis a picadas de animais peçonhentos. Mas esse tipo de acidente também pode ocorrer com pets que moram nas cidades – principalmente nas proximidades de terrenos abandonados, com acúmulo de lixo e entulho. “Nesses locais, os animais peçonhentos encontram alimentos e conseguem se esconder de predadores. Entulhos e lugares escuros são ambientes propícios para a aranha marrom; e resíduos orgânicos atraem ratos e baratas, que, por sua vez, são presas de algumas espécies de animais peçonhentos, como escorpiões e cobras”, exemplifica a veterinária Daniela Formaggio, do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas. Segundo ela, a limpeza de quintais, jardins e casas também é fundamental para manter os animais peçonhentos bem longe dos gatos.

COMO IDENTIFICAR
De acordo com a médica-veterinária Carla Santos, as picadas de animais peçonhentos podem causar desde edemas, coceira e vermelhidão na região afetada até o óbito por uma parada cardiorrespiratória em pouco tempo. Outros sinais, segundo Daniela, são dor, sangramento e alteração na cor da pele ou de comportamento. “Acidentes com cobras, quando acontecem em gatos, os locais mais comuns de serem afetados são os membros anteriores”, diz a profissional, que destaca que as picadas de cascavel, jararaca, escorpião amarelo e abelhas podem ser fatais. “No entanto, sem cuidados técnicos, qualquer acidente com animal peçonhento pode ser mortal para o pet”, pondera Carla.

O QUE FAZER?
Caso você não saiba exatamente o que causou determinado sintoma no gato, não hesite: “Na dúvida, leve imediatamente o gato ao atendimento veterinário e diga qual a sua suspeita”, indica Carla. Para Daniela, as medidas imediatas devem ser: limpar o local com água e sabão para diminuir as chances de infecção; fazer uma compressa com gelo, envolvido em um pano ou uma toalha para não queimar, para ajudar a reduzir o inchaço e diminuir o fluxo de sangue na região, retardando assim a progressão do veneno para outras regiões do corpo; manter o pet o mais calmo e imóvel possível; e nunca fazer torniquetes nem tentar furar ou cortar o local para drenar o veneno, pois essa medida só causaria mais dor ao animal. “Se possível, deve-se entrar em contato com a clínica ou o hospital veterinário avisando sobre um possível acidente com animal peçonhento. Esse contato deve ser feito quando o animal já estiver a caminho do veterinário, para que ele possa ser atendido o mais rápido possível”, acrescenta a médica-veterinária.
Carla destaca que os acidentes com animais peçonhentos nos quais o agente é identificado permitem ao médico-veterinário utilizar soro contra o veneno e dar o suporte sintomático necessário. “Cada região do Brasil conta comum serviço de assistência toxicológica para médicos e médicos-veterinários para auxiliá-los com informação e conduta em casos de acidentes”, diz.

Foto: YanaVasileva/iStockphoto

CONDUTA DO PROFISSIONAL
Daniela esclarece que o tratamento para picadas em felinos é direcionado para o tipo de veneno que foi inoculado no animal. Para acidentes com cobras, por exemplo, deve-se aplicar o soro antiofídico – e existem soros específicos para cada tipo de cobra. Já nas ocorrências com aranhas, utiliza-se o soro antiaracnídico, mas esse soro não está disponível para uso na medicina veterinária. “A terapia então deve ser de suporte, voltada para controle de dor, infecções e alterações renais. O veneno da aranha marrom provoca necrose da pele, podendo acometer grande extensão de pele próxima à inoculação do veneno. Também pode levar à falência renal aguda e, por isso, a instituição de fluidoterapia é muito importante. E o uso de antibióticos e analgésicos é indicado”, informa Daniela.
Ela ainda explica que picadas de abelhas podem ser fatais quando ocorrem múltiplas picadas, por conta das altas dose de veneno ao qual o animal é exposto, podendo levar a hipotensão, convulsões, edema de laringe, dificuldade para respirar e choque anafilático. “Esse tipo de acidente é mais comum com abelhas africanizadas, pois estas são mais agressivas”, diz. Em caso de uma única picada, o tratamento consiste na retirada do ferrão e na aplicação de compressas frias, além de analgésicos e anti-histamínicos. Já em casos de múltiplas picadas, a internação para terapia intensiva é necessária. E muitas vezes é necessário sedar o animal de estimação.
Para os acidentes com escorpião, também não há disponibilidade de uso do soro na medicina veterinária. Sendo assim, o tratamento é direcionado para os sintomas e o suporte das funções vitais. “Uma parte importante do tratamento é o controle da dor. Também pode ser necessário ouso de anticonvulsivantes e medicação para náusea e vômitos (antieméticos)”, finaliza.

Nossos agradecimentos
Daniela Formaggio, Médica-veterinária pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Campus Araçatuba, pós-graduada em Medicina de Felinos e Oncologia Veterinária pela Faculdade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Atualmente, atende felinos no Hospital Veterinário Taquaral (HVT), em Campinas.

Carla Santos, Médica-veterinária graduada pela UFF, pós-graduada em Cirurgia pela Universidade Castelo Branco, mestre e doutora pela UFRRJ com ênfase em Medicina Felina, professora de pós-graduação em Medicina Felina (Qualittas, CDMV), palestrante na área de Medicina Felina, atua na área de Clínica Médica de Felinos com ênfase em Nefrologia e Urologia Felina e Doenças Infecciosas.


Por Lila de Oliveira


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