12 pontos da saúde preventiva para filhotes de gato

Publicado em 05/05/2025

Confira um guia de cuidados completos para a saúde e bem-estar dos gatinhos

Foto: Liudmila Kudritskaya/iStock
O período ideal para que os filhotes permaneçam com a mãe é até o 3º mês de vida, portanto, durante a socialização

Ter um filhote de gato em casa, ao mesmo tempo que é uma delícia, exige muita responsabilidade do gateiro em oferecer ao pequeno tudo o que ele necessita para crescer saudável e feliz. Para montar o guiada saúde preventiva do filhote que você confere nas próximas páginas, convidamos a médica-veterinária Ma. Sarah Paschoal Scarelli, que possui mestrado em Clínica Médica de pequenos animais, especialização em clínica médica de felinos e é doutoranda pela Unesp, com pesquisa de imunodeficiência Felina em animais selvagens.
Desde 2018, Sarah, que também é professora de pós-graduação em medicina felina e nefrologia, faz atendimento exclusivamente na área de Medicina Felina na região de Botucatu, SP.
A seguir, confira as dicas da profissional.

1. COMPORTAMENTO NATURAL
Desde cedo, é necessário estimular no gato o seu comportamento natural, que é o de caça, oferecendo brinquedos que mimetizem esse processo, a fim de trabalhar a cognição e enriquecer o seu ambiente.
Locais para que ele possa afiar as suas unhas também são necessários, pois esse comportamento permite a demarcação territorial a partir dos feromônios. A verticalização ambiental se faz necessária também, permitindo que o animal de estimação escale, suba em locais elevados e se esconda.

2. INTERAJA COM SEU GATO
A interação tutor-animal é extremamente importante para o felino, sendo necessário tanto as brincadeiras interativas com o gato, além de toques sutis, carinhos em momentos tranquilos, estimulando o relaxamento por parte do animal de estimação, além de favorecer o manuseio tranquilo deles, manipulando delicadamente e progressivamente toda a parte do corpo, desde as regiões preferidas como cabeça, pescoço e dorso, até os membros, principalmente, região abdominal e boca. Essa manipulação de toda a área corpórea do animal desde cedo, realizada com associações positivas, faz bastante diferença para o manejo desse animal para a vida toda.

3. SOCIALIZAÇÃO
Nesta fase, que acontece da 3ª semana de vida até o 3º mês de vida, é crucial que o animal de estimação tenha contato com estímulos dos mais diversos tipos. Quanto mais pudermos apresentar situações, objetos e animais diferentes neste período, mais favorável será o contato desse animal de estimação com as situações na vida adulta.
Além disso, o estabelecimento de limites e regras, para determinar o que o gato pode fazer e o que ele não pode ou não deve, também é essencial, pois vai determinar disciplina para os animais desde pequenos. E este papel é exclusivamente do tutor. Regras devem ser regras sempre. O que o animal pode fazer hoje, ele entenderá que poderá fazer sempre, como os locais nos quais ele pode acessar na casa ou subir, entre outras regras.
O período ideal para que filhotes permaneçam com a mãe é até o 3º mês de vida, portanto, durante a socialização. Além do aleitamento materno, nesta fase, os filhotes estão no ápice do aprendizado de comportamentos sociais, habilidades motoras e controle emocional, com a mãe e irmãos. O desmame precoce está associado a animais mais medrosos ou até agressivos na vida adulta, por se tornarem inseguros. O comportamento desenvolvido nesse período com a mãe e os irmãos permite que o filhote explore o ambiente com segurança, brinque de forma adequada, aprendendo a controlar as mordidas, entre outros comportamentos, como o de usar a caixa de areia.
O treinamento para que o felino aprenda a aceitar diferentes formas de manipulação na vida adulta, também deve ser iniciado nesta fase. Assim, manipular as patas de forma leve, iniciando nas áreas superiores e depois indo para os dedos de forma progressiva, sempre associando as manipulações a eventos positivos (e de forma gradual), começando com pouco tempo de toque e aumentando o tempo, até conseguir segurar a pata do animal sem que ele fique repuxando ou querendo sair da contenção, por exemplo. Estas são técnicas de aprendizagem que o gato pode aceitar e associar à situações agradáveis, ao invés de apresentar medo e insegurança no momento em que for querer cortar a unha, por exemplo.

4. USO DA CAIXA DE AREIA
O hábito do uso da caixa de areia é natural ao gato e esse comportamento inicia-se a partir da 3ª ou 4ª semana de vida. É importante fornecer a caixa sempre limpa para estimular o comportamento da sua utilização e evitar que o animal espere muito tempo para utilizá-la. Disponibilize caixas sanitárias com granulado fino, sem cheiro e que forme torrão. Na infância, é natural que os animais urinem e defequem com maior frequência, então é interessante disponibilizar caixas mais próximas aos locais em que eles ficam. Assim, evita-se eliminações em locais inadequados.

Foto: Arquivo pessoal
Médica-veterinária Sarah Paschoal Scarelli

5. VERMIFUGAÇÃO
Deve ser iniciada na 3ª semana de vida e repetida até a 8ª semana, a cada 15 dias. Após esse período, pode ser realizada de forma mensal até o 6º mês e depois, a cada 4 a 6 meses. A transmissão de vermes na idade jovem acontece através do aleitamento materno, então devemos considerar que todo filhote possui alguma carga verminótica. A vermifugação é essencial para evitar desnutrição, problemas gastrointestinais e/ou anemia, o que pode comprometer o crescimento saudável do filhote.
Após o período crucial de vermifugação, a realização de um exame coproparasitológico ajuda a determinar se há ainda alguma carga verminótica. Na idade adulta também é possível realizar controles semestrais ou anuais a partir da análise parasitológica das fezes antes das vermifugações constantes.

6. EXAMES DE ROTINA
O hemograma é um exame imprescindível para a avaliação de um filhote, pois auxilia na detecção de infecções ou de processos anêmicos.
Além do hemograma, a realização dos exames de triagem para infecções como Imunodeficiência Felina (FIV) e Leucemia Felina (FeLV) são avaliações importantes que devem ser realizadas antes do contato do filhote com outros animais. É imprescindível respeitar o período de janela imunológica desses agentes virais antes de se afirmar que um animal seja, de fato, negativo para essas duas doenças, que varia de 30 até 90 dias. O exame coproparasitológico também seria interessante de se realizar em um filhote antes da introdução em um novo ambiente.

7. ALIMENTAÇÃO E HIDRATAÇÃO
A alimentação dos gatos deve ser baseada em alimento seco e úmido, sempre priorizando alimentações de qualidade Super Premium, que proporcionam um equilíbrio ideal entre os nutrientes necessários para os gatos, que são carnívoros estritos e precisam de alto teor proteico, e da suplementação de vitaminas e nutrientes específicos. Existem diversas opções no mercado e a orientação do médico-veterinário é importante nesse aspecto.
Ofereça rações específicas para filhotes até que o animal de estimação complete em torno de 1 ano de idade, além de fornecer, desde filhote, o contato com alimentos úmidos, pois permite que ele se habitue com texturas diferentes e facilite essa ingestão ao longo da vida. A alimentação deve ser servida em pequenas porções, várias vezes ao dia, e o alimento úmido servido ao menos uma vez ao dia.
Forneça também água à vontade, fresca e em diversos locais da casa, gerando mais oportunidades para que ele ingira água suficiente ao longo do dia, já que gatos costumam beber pouca água.

Foto: Dixi_/iStock
“A interação tutor-animal é extremamente importante para o felino, sendo necessário tanto as brincadeiras interativas com o gato,
além de toques sutis, carinhos em momentos tranquilos” diz Sarah Paschoal Scarelli, médica-veterinária

8. PREVINA O ESTRESSE
Todos os componentes (comedouro, bebedouro e liteira) devem ser disponibilizados pela casa de forma dispersa, não um ao lado do outro. Outro erro é o de se fazer o “quarto do gato”, com todos os recursos no mesmo ambiente, para possibilitar que eles façam o melhor uso possível de todos os elementos. Além disso, os recursos devem estar em número de gatos + 1, para atender a demanda dos animais da casa, minimizando conflitos.
Criar uma rotina para os gatos é algo bem saudável e natural para eles e a manutenção dessa rotina faz com que se sintam menos estressados e em alerta. Atividades diárias de brincadeiras interativas, como a de caça, brinquedos desafiadores, estímulo a arranhaduras, locais onde esse animal possa descansar sempre disponíveis, como tocas e esconderijos, momento de carinho e companhia do tutor são essenciais como parte dessa rotina.
Oferecer um ambiente tranquilo e calmo também fazem parte de uma rotina ideal para os felinos.

9. PELAGEM E PELE: O QUE OBSERVAR?
Coceiras excessivas são uma forma do animal manifestar algum desconforto em relação à presença de ectoparasitas, por exemplo. Gatos podem até fazer lesões locais pelo excesso de coceira. Eles demonstram o prurido através do aumento da autolimpeza, ou, muitas vezes, apresentando vômitos com bolas de pelo. Regiões com lesões avermelhadas, ausência de pelo, pelagem sem brilho e a presença de crostas ou descamação devem ser avaliadas por veterinário.

10. URINA E FEZES: COMO DEVEM SER NESTA FASE DA VIDA?
As fezes devem ser firmes e bem formadas, mas não ressecadas, sem a presença de muco ou sangue.
Já a urina deve ser clara a levemente amarelada, sem odor forte, não devendo apresentar sangue ou mesmo comportamento do filhote relacionado à dificuldade em urinar, como procurar a caixa várias vezes ou mesmo assumir a postura de micção e não eliminar nada.

11. ROTINA DE ESCOVAÇÃO
A escovação é um cuidado importante que devemos fazer diariamente, mais intensificada em animais de pelagem longa, evitando a formação de nós. Podemos familiarizar o gato com a escova, iniciar com períodos curtos de escovação e ir aumentado o tempo de escovação. Priorize escovas macias, ao invés daquelas de metal, que podem ser muito agressivas à pele deles. Podem ser usados reforços positivos, como petiscos, ou carinhos para que ele se habitue a este cuidado.

12. CONSULTAS PARA FILHOTES: QUAL A FREQUÊNCIA IDEAL?
Os filhotes devem ser consultados para as primeiras orientações pediátricas logo na primeira vacinação e, frequentemente, a cada vacinação a ser realizada, de acordo com o protocolo ideal para cada animal. Nestas avaliações, o médico-veterinário realizará orientações da parte comportamental, sobre como introduzir o animal no ambiente e todas as recomendações de alimentação, como disponibilizar os elementos necessários e como enriquecer o ambiente na casa para o animal. Além disso, é possível realizar uma avaliação física, monitorando ganho de peso, fazendo as recomendações de quais exames são necessários e quando realizá-los ou até repeti-los.


Por Samia Malas


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