À tarde, ele volta para o computador para responder aos pedidos de adoção e receber notícias dos animais que já foram encaminhados. É sempre muito difícil ler o tempo todo sobre abandono e crueldades contra os animais e ter que confiar em quem vai adotar seu protegido. Isto é um exercício de superação, mas enfim, ele precisa confiar nas pessoas. A doação é o objetivo de seu trabalho, é o que o motiva a continuar nesta luta. Mas, muitas vezes a doação não dá certo e as causas podem ser as mais absurdas: ou o gato não mia nunca ou ele mia demais. O motivo é sempre a falta de perseverança das pessoas que, diante da menor dificuldade, desistem de tentar. Esta é uma das maiores tristezas para o protetor: colocar o animal que já estava se habituando a uma casa, a uma família, de volta em um abrigo. A maioria dos animais adoece ou entra em depressão. No final da tarde, outra sessão de limpeza, alimentação e medicação. À noite, exausto, o protetor consegue dormir em paz, aquele sono pesado e gratificante de quem batalhou o dia todo. Ele só perde o sono quando as dívidas nas clínicas veterinárias e nas casas de ração excedem o seu limite mensal. Aí começa outra batalha, a de levantar dinheiro para saldar seus compromissos. O certo é que o tempo todo o protetor de animais oscila com altos e baixos, com notícias boas e ruins e com vitórias e derrotas. Diante disto tudo, o que o faz continuar? Apenas uma coisa: o olhar de gratidão de um animal desesperado e sem saída. Alguns protetores piram, outros desistem, eu escrevo…
Maria Augusta Toledo –
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