Veja o que você precisa saber para garantir a nutrição adequada do seu pet.

No mundo todo, um movimento de busca por um estilo de vida mais equilibrado e saudável intensificou-se na pandemia e chegou com força também na Medicina Veterinária. O interesse pelas particularidades da nutrição animal vem crescendo nas clínicas veterinárias – com o recente reconhecimento oficial das especialidades de nutrição e nutrologia pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária – e no meio científico.
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“Temos tido um grande avanço nessa área e especificamente nos estudos sobre a microbiota intestinal. A Ciência tem cada vez mais percebido que as bactérias, os vírus e os protozoários que estão no intestino têm uma relação não só com a saúde do órgão, mas com o organismo todo”, revela o médico-veterinário Fabio Alves Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos. “Existem pesquisas mostrando a relação da microbiota intestinal dos gatos com diabetes, obesidade, alterações neurológicas, renais e gastrointestinais, entre outros problemas de saúde”, cita o especialista.
Segundo ele, outra área de estudo que vale um destaque diz respeito à relação entre a alimentação dos pets e possíveis doenças que seus tutores podem ter. “Uma pesquisa publicada recentemente mostra que gatos e cães que comem alimentos crus, principalmente os de origem animal, como carne e ovos, podem adquirir microrganismos que podem não necessariamente lhes trazer prejuízos, mas talvez afetar a saúde das pessoas com quem convivem, uma vez que são eliminados pelas fezes, por onde ocorre a transmissão aos humanos”, menciona o veterinário, lembrando que existem técnicas como o congelamento prévio do alimento, para que se possa oferecer uma carne crua ao animal.
ALIMENTAÇÃO NATURAL
Porém, não se deve confundir a oferta de alimentos crus com a alimentação natural (AN), que está cada vez mais em alta, grande parte pela busca de tutores por uma dieta mais natural e fresca aos seus pets. “A AN também tem crescido entre os tutores de gatos pelo mesmo motivo dos de cães: a relação familiar com seus pets. Mas o mercado não cresce como o de cães. Gatos têm algumas particularidades que dificulta um pouco o uso da AN, pois são neofóbicos no que se refere à alimentação, então, nem todos aceitam um alimento diferente após adultos”, aponta Glauce Ribeiro, zootecnista especialista em Nutrição Animal. Ainda segundo ela, através desse tipo de alimentação, é possível oferecer um alimento completo, balanceado, composto de ingredientes frescos e saudáveis, feito com carnes, legumes, verduras e cereais de alta qualidade. “Porém, para que esses animais recebam um alimento balanceado, ele deve ser formulado por um profissional da área, zootecnista ou veterinário capacitados ou deve ser preparado por uma empresa que atenda todas as exigências do MAPA, com programas de qualidade e segurança alimentar”, aponta.
NUTRIENTES ESSENCIAIS
Para não errar na alimentação, é importante saber que alguns nutrientes não são produzidos pelo próprio organismo felino ou não são sintetizados em quantidades adequadas. Entre as necessidades nutricionais, explica a médica-veterinária Marina Macruz, estão as proteínas compostas por aminoácidos essenciais – como fenilalanina, triptofano, arginina, lisina e taurina, entre outros –; os lipídios, responsáveis pelo fornecimento de ácidos graxos essenciais; as vitaminas hidrossolúveis (do complexo B e vitamina C) e as lipossolúveis (A, D, E e K); e os ômegas 3 e 6, fundamentais nas fases de crescimento, lactação e final de gestação. “Por serem carnívoros estritos, os gatos precisam receber nutrientes de origem animal, como taurina e ácido araquidônico, entre outros. A deficiência de taurina pode causar problemas reprodutivos e cardíacos, cegueira e baixa resposta imunológica. Já o ácido araquidônico atua em processos como a regulação da resposta imunológica, mediação de processos inflamatórios e coagulação sanguínea”, detalha Marina.
A veterinária Kelly Carreiro destaca ainda a importância das fibras para o controle das bolas de pelo e a manutenção da saúde intestinal dos gatos, e ressalta que as necessidades nutricionais variam conforme a idade. Gatos adultos, por exemplo, podem consumir tanto alimentos indicados para adultos quanto para gatos castrados. “Quando os gatos são castrados, seu metabolismo acaba ficando um pouco mais lento, e isso pode predispor ao sobrepeso e à obesidade. Os alimentos indicados para gatos castrados possuem menos calorias, mais fibras e alguns ingredientes funcionais que contribuem para a queima de gordura, como a L-Carnitina. Já os gatos sêniores, pela maior tendência a perder massa magra, precisam de mais proteínas, além de ingredientes para melhorar a imunidade, como os betaglucanos.”
De acordo com o médico-veterinário Fabiano Cesar Sá, no caso de gatos adultos e sênior, o objetivo é fornecer uma dieta completa e balanceada, visando manter o bom funcionamento de todo o organismo, manter o peso ideal, promover saúde e prevenir doenças. “Benefícios adicionais podem ser oferecidos adicionando à dieta ingredientes funcionais como os antioxidantes, condroprotetores e prebióticos, que irão colaborar para os cuidados preventivos”, afirma.
ESCOLHA DA RAÇÃO
Tutores têm buscado, cada vez mais, alimentos de maior qualidade, como as rações classificadas como super premium, high premium e premium. Os produtos super premium, além de fornecerem os nutrientes essenciais, trazem benefícios extras e são produzidos com os ingredientes mais nobres do mercado, segundo Kelly Carreiro. Os alimentos high premium têm características próximas aos produtos premium, além de benefícios das linhas super premium – a composição é semelhante à dos produtos premium, mas já há também
matérias-primas mais nobres. De acordo com a médica-veterinária nutróloga Mayara Andrade, o gato precisa de menos quantidade de alimento super premium comparado ao consumo diário de outras categorias, pois ele é mais concentrado em nutrientes e energia e proporciona maior aproveitamento.

ATENÇÃO AOS FILHOTES
Filhotes precisam receber uma dieta que gere energia para o seu corpo e que dê suporte ao seu desenvolvimento físico e cognitivo, explica Fabiano Cesar Sá. “Nesta fase especial, destaque é dado para a qualidade e quantidade das gorduras, proteínas e ácidos graxos essenciais como o DHA, bem como para os nutrientes que colaboram para o desenvolvimento da imunidade, como as vitaminas e minerais e ingredientes que colaboram para a saúde intestinal, como as fibras e os prebióticos”, acrescenta o médico-veterinário Fabiano Sá.
Já Kelly Carreiro acrescenta que a dieta deles deve ser equilibrada com todos os nutrientes essenciais e rica em DHA, importante para o desenvolvimento cognitivo, contribuindo para a memória e o aprendizado.
Fabiano também ressalta que o ideal é que filhotes sejam nutridos pelo leite materno durante pelo menos as quatro primeiras semanas de vida. “Caso, por algum motivo, a mãe não possa amamentá-los, é possível encontrar preparados comerciais adequados, que são substitutos do leite materno. A partir da sexta semana de vida, já podem iniciar na alimentação sólida, que deve ser completa e balanceada para os 41 nutrientes que eles necessitam, específica para sua espécie e faixa etária e de alta qualidade, visando promover seu bem-estar e crescimento saudável”, explica.
ALIMENTOS FUNCIONAIS
De acordo com a médica-veterinária Letícia Tortola, alimentos funcionais são aqueles que fornecem ingredientes além dos nutrientes essenciais para a manutenção da saúde. “Eles podem colaborar em casos de sensibilidades ou doença e podem ser encontrados nos alimentos completos, coadjuvantes ou específicos (petiscos). Tão importante quanto ter esses ingredientes funcionais é que eles sejam incluídos em quantidades suficientes e que os benefícios extras sejam cientificamente comprovados”, opina.
“Existem diversos nutrientes funcionais, sendo alguns mais comuns e outros mais exclusivos, por exemplo os antioxidantes, que combatem os radicais livres e diminuem a exposição das células ao estresse oxidativo, aumentando sua vida útil. Temos o ômega-3, que tem ação anti-inflamatória, e o colostro bovino, que é um potente prebiótico e imunomodulador”, exemplifica a veterinária Monize Walder. Já Marina Macruz cita ainda o óleo de peixe, que é fonte de ácidos graxos poli-insaturados, e fibras como a aveia e a celulose, que auxiliam na eliminação das bolas de pelo.
Monize destaca que há diversos alimentos funcionais para gatos disponíveis no mercado pet, porém, entre as opções de snacks, os considerados funcionais ainda são poucos. “Grande parte é destinada exclusivamente ao entretenimento dos gatos”, diz a veterinária. Para Marina, a quantidade de petiscos não deve ultrapassar 5% das calorias diárias do gato, pois o excesso pode predispor ao sobrepeso e à obesidade.
IMPORTÂNCIA DO ALIMENTO ÚMIDO
Gatos tendem a não ingerir a quantidade total de água de que precisam. Isso porque, conforme explica Monize, eles têm menos sede que os cães, e muitos têm preferências individuais em relação a fontes de água, tipo de pote e temperatura da água. Assim, aumentar a ingestão hídrica por meio de alimentos úmidos traz inúmeros benefícios, como destaca Letícia: “favorece a saúde do trato urinário, colaborando para a diluição da urina e reduzindo os riscos de cálculos (pedras) urinários, e, além disso, oferecer variedade de texturas é uma forma de proporcionar uma experiência sensorial alimentar aos gatos, atendendo até mesmo aos paladares mais exigentes”.
Outro tipo de alimentação que contribui com a ingestão hídrica é a AN que, segundo Glauce, contém mais de 75% de água.
Monize acrescenta que os sachês contribuem para a hidratação, ajudam a diminuir a constipação e fornecem níveis elevados de proteínas, fósforo, sódio e gordura. “Desde que o alimento seja completo e equilibrado para atender às necessidades do seu pet, ambos os alimentos comerciais são adequados do ponto de vista nutricional, oferecendo benefícios únicos. Seu gato pode ter preferência por alimentos secos ou úmidos ou pode gostar de ser alimentado por uma combinação em esquema de mix feeding ou como um petisco úmido pontualmente”, finaliza.
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Agradecemos a colaboração de:
– Fabiano Cesar Sá, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na Adimax, Médico-veterinário, Mestre e Doutor em nutrição de cães e gatos;
– Glauce Ribeiro Zootecnista Especialista em Nutrição Animal da Bezzie Pet Food;
– Kelly Maiara Lopes Carreiro, Médica-veterinária com Pós-Graduação em Nutrição de Cães e Gatos, Analista de Desenvolvimento de Conteúdos na Special Dog Company;
– Letícia Tortola Médica-veterinária e Coordenadora de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil;
– Marina Macruz, Supervisora de Capacitação Técnico Científica e Técnico-Comercial da PremieRpet®, médica-veterinária formada pela FZEA/USP e pós-graduada em Marketing e Gestão de Vendas pela Saint Paul Escola de Negócios;
– Mayara Andrade, Médica-veterinária nutróloga de Biofresh e Guabi Natural (BRF Pet), especializada pela Anclivepa-SP. Atua no mercado pet food há 10 anos, com experiência em propaganda técnica, treinamento de equipes e produção de materiais técnicos de comunicação e comunicação científica;
– Monize Walder, Médica-veterinária formada pela UNIP Campinas, atua na área comercial há 11 anos com foco na indústria pet food. Há 6 anos, é Representante de Informação Veterinária na Nestlé Purina e atualmente apoia a comunicação de Purina Institute no Brasil.