Brincadeiras agressivas

Publicado em 07/08/2017

Gatinhos são a coisa mais fofa desse mundo. Mas o que fazer quando aquela linda bolinha de pêlos morde e arranha como se fosse um tigre? A agressividade em filhotes de gato pode ter várias causas e deve ser tratada o mais cedo possível, antes que fuja ao controle dos proprietários.

Hoje em dia se sabe que alguma agressividade pode ser herdada por parte do pai. Infelizmente, no caso de gatinhos achados na rua, não temos informações sobre sua história pregressa, então não podemos determinar qual será o seu temperamento. Mas até descartarmos outras causas externas, pensar que nosso gato é filho de uma jaguatirica deve ser a última coisa a ser considerada. O mais provável é que esteja faltando atenção  e  exercício.

Gatos que não conviveram com as mães desde pequenos, ou que foram separados da ninhada com poucas semanas de idade, perdem sua capacidade de se relacionar socialmente, seja com outros gatos ou com seres humanos. Isso ocorre porque é a mãe quem ensina os filhotes a comer, brincar e se relacionar com o ambiente. Os gatinhos aprendem por observação. Na falta da mãe, eles perdem o modelo e, como sempre brincam com seus irmãos, se forem privados disso, não saberão brincar. Conseqüentemente, tem muita energia para gastar e não sabem  simular brigas e caçadas. Um gato que não aprendeu a brincar pode morder ou arranhar com muita força a mão do dono e não saber a hora de parar.

Um caso muito comum é de filhotes que atacam os pés dos donos em movimento. Como não tem nada mais atraente para atacar, pés em movimento parecem deliciosos o suficiente para serem capturados. Isso pode ser extremamente desagradável e muito doloroso. Esse problema pode ser resolvido dando mais brinquedos e mais atividade para o pequeno, para que gaste energia com outras coisas.
Bicho gosta de brincadeira suave, delicada. Luta… nem pensar!

Brincadeiras brutas e agressivas desencadeiam agressividade. Simulações de lutas devem ser evitadas em qualquer ocasião, com qualquer espécie animal e em qualquer idade. Bicho gosta de brincadeira suave, delicada. Pense no seu tamanho e no tamanho do seu pet e veja quanto desagradável pode ser ter um gigante apertando sua barriga ou espremendo sua cara. Nada mais resta fazer do que devolver na mesma moeda, mordendo e arranhando para se livrar desse ataque brutal. Por esta mesma razão crianças e gatinhos devem ser supervisionados todo tempo. A criança não sabe dosar sua força; e o gato vai se defender se for machucado. Isso acaba mal para os dois lados. Nenhuma criança deve ser privada de conviver com um gatinho; e os dois devem se respeitar para viver em harmonia. Assim como a gata ensina seu filhote a brincar, cabe aos pais ensinarem seus filhos a interagir com felinos.

Uma das brincadeiras mais divertidas para gatos e seus donos é correr a mão por baixo das cobertas e esperar o ataque. Pois saiba que isso é totalmente proibido! O alvo das brincadeiras nunca pode ser uma parte do nosso corpo, mas sim um objeto inanimado, de preferência próprio para gatos. Se convidarmos o gato a nos atacar ao mexermos a mão, como ficarmos bravos com ele se furar nossa pele? 

Dê brinquedos variados ao gatinho. O melhor é aquele com o qual brincamos junto com ele. Nenhum gato brinca com algo sozinho. Sua brincadeira predileta sempre vai ser com o dono. 
Foi realizado um estudo onde 10 brinquedos diferentes foram oferecidos a três gatos. 

Penas em vara de pescar, bolinhas de ping-pong, bolinhas de papel, novelos de lã, bonecos, mordedores. Se o dono não brincasse junto, nenhum deles demonstrou preferência por nenhum tipo em particular. Mas, se o dono brincasse somente com um desses brinquedos, esse passava ao primeiro lugar para os três gatos do experimento.

Não adianta, gatos gos-tam de gente e devemos dedicar-lhes pelo menos meia hora do dia para brincadeiras. Se forem bebês, dedique mais de uma hora por dia e deixe bastante brinquedos à sua disposição. Os filhotes têm muita energia para gastar e, se não brincarem, são como panelas de pressão, vão atacar alguma coisa, de preferência, que se mexa. Toda energia acumulada vai acabar nos seus  tornozelos.

Se você não tem tempo para dedicar ao seu amiguinho, considere adquirir outro da mesma idade e de temperamento parecido. Esse é um dos poucos distúrbios de comportamento que pode ser tratado por outro animal melhor do que pelo ser humano. Pense bem, não seria maravilhoso ter dois anjinhos dormindo no sofá ao invés de uma onça pronta para dar o bote quando você chegar em casa?
Luelyn Jockymann é médica veterinária especialista no comportamento de cães e gatos. Animaletto Saúde e Bem-estar de Cães e Gatos – 

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