Ele faz xixi ou cocô fora da caixinha?

Publicado em 04/10/2016

Os gatos, além de apaixonantes, têm personalidade e sabem se comunicar conosco! Quando algo os incomoda, eles nos mostram o desconforto, por exemplo, com mudanças nos seus hábitos. Algumas circunstâncias e doenças, principalmente as relacionadas ao sistema urinário, fazem com que os bichanos alterem a rotina e a forma de usar a caixa de areia. Os distúrbios urinários são muito comuns na rotina da clínica médica de felinos. Eles podem ser de origem comportamental, ou podem estar relacionados à caixa sanitária e ainda à problemas de saúde. Devemos, portanto, diferenciar tais situações.

Cuidados com o banheiro do gato
A primeira questão que merece atenção é o manejo do “banheiro do gato”. O ideal é que o número de caixas de areia seja igual ao número de gatos mais uma. O tamanho e o tipo da caixa devem ser avaliados, uma vez que os gatos gostam de ter espaço para cobrir seus dejetos e os mais velhos podem ter dificuldade de entrar em caixas mais altas. É aconselhável que a limpeza dessas caixas seja feita várias vezes ao dia, pois o gato é um animal muito higiênico. Elas devem ser colocadas em local apropriado, privado e silencioso, longe dos comedouros e bebedouros, isso faz toda diferença. Lembrem-se, nós não jantamos no banheiro e gostamos de privacidade quando estamos nele. O substrato sanitário também deve ser apreciado pelo seu bichano e a quantidade dele, suficiente para preencher dois terços da caixa. 

Outro ponto interessante é observar a postura que o gato assume no momento de urinar ou defecar. Quando estamos diante de alterações comportamentais, o gato tende a elevar a cauda e direcionar o jato de urina de forma perpendicular a uma superfície, caracterizando marcação urinária (veja na foto 1). Já nos casos de comprometimento de saúde, os gatos podem mostrar sinais de dificuldade de eliminação, percebidos pela posição de agachamento na caixa sanitária por um período maior (chamado de disúria), presença de sangue na urina ou nas fezes e ou aumento da frequência ou da tentativa de urinar e defecar (veja na foto 2).

Em relação às fezes fora da caixa, normalmente o gato quer mostrar que está doente. Isso pode acontecer em função, por exemplo, de quadros de diarreia ou até mesmo de constipação. O comportamento de marcação pelas fezes é menos comum.

Os distúrbios urinários vinculados a problemas de saúde mais frequentes na espécie felina são a cistite intersticial e a presença de cálculos urinários também chamados de urólitos. Outras condições que culminam em sinais urinários são alterações anatômicas, traumas e neoplasias.

Reconheça os sinais
Os sintomas para os quadros do trato urinário podem ser bastante semelhantes, independentemente da causa subjacente e incluem dor e dificuldade de urinar (disúria), presença de sangue na urina (hematúria), lambedura excessiva da região genital, aumento da frequência urinária em pequenas quantidades (polaciúria), retenção urinária, urinar em locais não usuais, entre outros. É essencial identificar a causa entre os possíveis diagnósticos diferenciais para que o tratamento seja adequado e eficaz.

Causa mais comum
A cistite intersticial felina é a de maior ocorrência entre os pacientes felinos. Trata-se de uma cistite associada à estresse que promove uma inflamação de origem nervosa da bexiga, causando muita dor para o gato.

Os cálculos urinários são formados pela agregação de cristais e os mais prevalentes na espécie felina são os de estruvita e de oxalato de cálcio. A urina do gato, portanto não deve ser supersaturada para evitar a concentração e associação mineral que pode resultar produção dos urólitos.

A obstrução urinária é uma emergência clínica e deve ser abordada como tal, com rapidez e eficiência. Essa obstrução pode ser devido à presença de cálculos ou “plugs” (material formado nos processos inflamatórios da bexiga). Nesses casos, quando o seu gato tentar urinar e não conseguir, você deverá levá-lo prontamente  para uma clínica ou hospital veterinário. 

Atenção à comida e água
Alguns fatores de risco para o desenvolvimento das doenças do trato urinário inferior dos felinos são obesidade, sedentarismo e baixa ingestão hídrica.  

Logo, uma medida importante para evitar problemas urinários é estimular o gato a beber água. o que pode ser feito com uso de fontes, fornecimento de água sempre fresca, disponibilização de vários recipientes em diversos locais da casa e oferta de dieta úmida de sachês e patês. Uma alimentação de qualidade e bem balanceada também é recomendável. Lembrando ainda que é importante evitar a obesidade e estimular as brincadeiras, contribuindo para a saúde e o bem-estar dos gatos.  

Se o seu bichano mostrar qualquer alteração na rotina da caixa de areia, procure imediatamente o seu médico veterinário de confiança! Ele é o profissional apto para diagnosticar o problema e tratá-lo da melhor forma.

 Foto 1 – Postura de marcação urinária

Foto 2 – Postura de disúria, ou seja, dificuldade de defecar ou urinar 

Cristiano Rodrigo Nicomedes da Silva – Pós-graduado em Clínica Médica de Felinos e diretor da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFel), atua na clínica Gato Leão Dourado, de Belo Horizonte, MG.
www.gatoleaodourado.com.br

Myrian Kátia Iser Teixeira – Pós-graduada em Clínica Médica de Felinos e presidente da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFel), atua na clínica Gato Leão Dourado, de Belo Horizonte, MG. 
www.gatoleaodourado.com.br

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