Casas gatificadas: um lar planejado para o seu gato

Publicado em 05/04/2021

A cat influencer Gaby Penna adaptou toda a sua casa para deixar seus 43 gatos confortáveis e repletos de enriquecimento ambiental – Foto: Gaby Penna

O enriquecimento ambiental é fundamental para manter o pet relaxado, feliz e saudável

Todo gateiro sabe que quem manda é o gato. E às vezes até na decoração, mas por uma boa causa. Afinal, o enriquecimento ambiental é muito importante para o felino que vive cercado por paredes. “Como esse pet ainda guarda muito do seu lado selvagem, devemos pensar como ele agiria na natureza e simular esse ambiente em casa”, descreve Adriana Peres, da clínica Amado Bicho, de São Paulo. 

Vamos gatificar?

 “Quando o ambiente é adequado às necessidades dos felinos, ele aumenta o conforto do pet e reduz o estresse”, aponta a veterinária. Assim, os elementos do ambiente gatificado têm como objetivo estimular o comportamento natural felino de praticar caça, com uso de brinquedos; de afiar as unhas, com arranhadores; de descansar e observar, com prateleiras e nichos pendurados no alto da parede; e até de se esconder, com tocas e esconderijos. “Os felinos têm o hábito de vigiar os arredores do território e a melhor maneira que eles encontram para isso é a observação feita de um local alto. Local esse que proporciona uma visão estratégica e ao mesmo tempo, por ser de difícil acesso, dá segurança. Normalmente eles usam esses locais altos também para repouso, por se sentirem seguros. Para se chegar nos melhores acessórios para ter em ambiente com gatos, devemos levar em conta as necessidades do pet e o estilo de casa do tutor”, esclarece a veterinária.

A gatificação do ambiente do escritório foi muito importante para Gaby poder acolher os oito gatinhos do seu Projeto FIV/FeLV também é Vida – Foto: Gaby Penna

Benefícios

 É importante entender que a gatificação do ambiente não significa simplesmente agradar o gatinho, mas sim tornar a vida dele mais saudável. “Gatos que vivem em um ambiente pobre tendem a ficar apáticos e dormir a maior parte do tempo, o que leva a doenças como obesidade, síndrome da lambedura, ansiedade, etc.”, alerta.

Adriana explica que apostar em elementos de alturas variadas na casa é importante inclusive para ajudar a estabelecer uma hierarquia entre pets que vivem juntos. “Gatos mais dominantes ficam na parte superior enquanto os menos dominantes permanecem na parte inferior. Isso ajuda muito criando rotas de fuga para, por exemplo, um gatinho escapar de uma brincadeira com outro pet da qual já está cansado, ou ainda para que um gatinho mais submisso consiga um local de segurança quando outro está exercendo sua dominância”, ilustra. Basicamente, esses vários espaços criam um ambiente menos estressante e mais confortável para todos, mantendo “cada um no seu quadrado”, aponta. 

À esq., projeto de gatil que a arquiteta Milena Cury Mourão Amaro desenvolveu para sua cliente; à dir., playground suspenso à decoração da varanda da casa de cliente da arquiteta Carmem Calixto – Foto: Reprodução modelo 3D do projeto

Transformando a casa

Quando a gateira e cat influencer Gaby Penna, de Belo Horizonte, (Instagram@Gato É Vida Oficial) começou a adotar os seus primeiros filhos felinos, nunca imaginou que o número chegaria em 43. Mas como uma gateira experiente que se tornou nesse processo, ela entendeu que para trazer qualidade de vida para todos os seus gatos, ela precisaria transformar sua casa no ambiente mais adequado possível. “Optei por dividi-los em grupos por afinidade e traumas. No andar de cima (do duplex), fica o grupo maior de 23”, esclarece Gaby, que adaptou todo o lugar com diversas prateleiras, nichos, arranhadores, camas, mantas, vasos de barro que servem de tocas. Vários outros grupos menores são divididos em outros cômodos da casa, e todos eles contam com o mesmo nível de gatificação e enriquecimento ambiental com elementos e móveis adaptados. O grupo mais recente de adotados recebeu uma atenção especial. Eles somam oito e são positivos para FIV/FeLV, doenças sérias e altamente contagiosas para outros felinos, e deram início ao Projeto FIV/FeLV também é Vida. “Todos foram adotados de um abrigo. O mais velho, o Torresminho, estava lá há 5 anos sem interessados em adotá-lo. Ele é preto, arisco, adulto, com uma orelha faltando e positivo. As chances de ele ganhar um lar eram basicamente nulas.” A gateira entende que uma das melhores formas de dar qualidade de vida para o grupo recém-chegado era justamente oferecer um ambiente gatificado. “Com a ajuda de parceiros que nos ajudaram e também com alguns gastos que tiramos do próprio bolso, montamos o ‘parquinho’ para os gatinhos aproveitarem.” 

Antes de começar a planejar a gatificação da sua casa, a cat influencer dá uma dica: observe seu gato. “Percebo que há dois tipos, principalmente: aquele gato que gosta de ficar no chão, portanto prefere usar elementos que ficam no baixo, como tocas e camas, e o gato aéreo, que curte subir nos móveis e vai adorar as prateleiras e nichos pendurados. Mas não é regra, o gato também pode mudar os gostos.”

Lojas especializadas em móveis até começaram a vender mobília gatificada – Foto: Divulgação/Marabraz

Existem diversas opções para os gateiros que desejam transformar a sua casa, desde contratar serviços especializados na produção de nichos e prateleiras, como Gaby fez, até buscar arquitetos e designers que possam realizar projetos completamente integrados à decoração. 

A designer de interiores Laura Santos ressalta que seus projetos direcionados para tutores de pets respeitam alguns cuidados: “O que não pode faltar são peças fáceis de manutenção, pisos frios e telas de proteção na janela”. Já o trabalho da arquiteta Carmem Calixto trouxe uma solução interessante para os bichanos que gostam de um circuito aéreo: um playground suspenso na varanda que segue a linha decorativa do lugar. “Além de divertido, o recurso não ocupou espaço e ficou bem legal esteticamente”, comenta Carmen. 

Quando a arquiteta Milena Cury Mourão Amaro, de São José do Rio Preto, SP, elaborou o projeto de um gatil para a sua cliente, uma tutora de 19 gatos, decidiu buscar mais informações. Ele foi desenvolvido para o quintal da casa como um espaço exclusivo para os gatos, com prateleiras, camas aéreas em níveis diferentes – para atender desde os bichanos mais novos aos mais velhos, que já têm dificuldade de locomoção –, túneis, área para tomarem sol. “A minha cliente já sabia muito bem o que queria desenvolver ali, mas eu também quis pesquisar outras referências de espaços e materiais para fazer o projeto”, relata. A arquiteta utilizou canos de PVC para a criação de túneis para os bichanos usarem.

Com o crescimento da popularidade felina nas casas, até grandes redes do varejo estão apostando na venda de móveis adaptados para os felinos. É possível encontrar diversas opções, como mesas, estantes, aparadores e racks com nichos e até arranhadores integrados à mobília. Ainda existe a opção, para quem busca uma alternativa mais barata, de recriar os mesmos elementos básicos para o enriquecimento ambiental com materiais simples. “O tutor mesmo pode fazê-los com materiais reciclados, como caixas de frutas, pneus e roupas usadas. Existem vários sites com tutoriais que ensinam a fazer. Só é preciso ter muito cuidado para não utilizar materiais tóxicos, cortantes, perfurantes ou que soltem pedaços e que possam ser ingeridos”, conclui Adriana.


Por Aline Guevara

Colaboraram para este artigo :

ADRIANA X. M. PERES – Veterinária especializada em felinos da clínica Amado Bicho (amadobicho.com.br)

GABY PENNA – Cat influencer responsável pelo Gato é Vida Oficial, com Instagram e canal no YouTube, além do site: lojagatoevida.com.br 


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