“Ted tem Tod”, assinado por Tiago Gonçalves, narra a história de um menino, o Ted, que aprende muito sobre como lidar com suas emoções com o gatinho Tod
Pense bem (ou nem tanto assim): você já conviveu ou conheceu alguma criança com perfil desafiador, resistente a figuras de autoridade e humor irritável ou raivoso? Pois é, elas estão presentes na sala de aula, nos parquinhos do condomínio, nos consultórios de psicólogos, e, claro, dentro das famílias. Inspirado nesta realidade, o jornalista cultural e escritor Tiago Gonçalves escreveu o seu primeiro livro infantil para tratar justamente do tema. A obra Ted tem Tod, narra a história de um menino, o Ted, que, como muitas crianças de sua idade, traz um comportamento desafiador, tem humor irritável e raivoso, não respeita as figuras de autoridade e ainda detesta receber um “não” como resposta. Ao encontrar um gatinho, tão desafiador quanto ele, Ted será convidado a percorrer uma jornada de crescimento e transformação. Apesar da temática espinhosa, trata-se de uma narrativa sensível sobre emoções e convivência.
“Acredito que toda criança merece um livro que a ajude a compreender o que sente. Este é um exemplo! A literatura para infâncias, que tanto admiro e sou um leitor ávido, cumpre esse papel de forma lúdica. Escrevi esse livro pensando justamente no bem-estar psicoemocional dessas crianças, que, apesar de qualquer comportamento desafiador ou estigma de mal-educadas, podem estar em sofrimento. Precisamos escutá-las, acolhê-las e cativá-las”, destaca Tiago Gonçalves, que também é graduando em Psicologia.
Mas quem é o Tod na narrativa? O autor dá alguns spoilers. Para começar, é justamente o nome de um gatinho espoleta e espevitado que Ted encontra no parquinho do condomínio, e resolve adotar. “Também faz uma alusão, de forma subjetiva, ao Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), que reúne todas as características e os sintomas presentes no comportamento do Ted. Trata-se de uma condição neuropsiquiátrica resultante de fatores biológicos e ambientais que se manifesta predominantemente na infância e na adolescência”.
As ilustrações da obra cativam e são inspiradoras. Sobre o processo de produção, feita à base da aquarela e do lápis de cor, Ana Cardia destaca: “A aquarela e o desenho à mão trazem um pouco de leveza na hora de abordar esses temas mais espinhosos. E eu adoro o desafio de ilustrar de maneira lúdica e delicada temas que não são fáceis, mas necessários”, pontua a ilustradora.
Ana confessa que se identificou com o livro antes mesmo de iniciar as ilustrações. Explica o motivo: “Talvez toda criança seja, ao menos em algum momento, desafiadora. Educar é desafiador. Como mãe, pude reconhecer e me identificar tanto com a criança quanto com os pais. Não é nada fácil aprender a lidar com as frustrações. Que a gente consiga estabelecer limites com paciência, respeito e amor”.
Ao fim, trata-se de um livro com plurais funcionalidades, como destaca o autor. “Além de servir como uma preciosa ferramenta para pais, educadores e profissionais da saúde, que estão interessados na qualidade de vida das crianças, Ted Tem Tod diverte a garotada, já que traz uma história sensível de amizade e conexão entre um garoto e um gatinho. A narrativa acolhe, cativa e ensina, inclusive propondo um exercício prático de autorregulação conduzido por meio da respiração, que pode ser aplicado no cotidiano de qualquer criança visando ao equilíbrio e à calma”.
A narrativa
Ted anda sempre irritado, de cara fechada e impaciente. Trata-se de uma típica criança desafiadora, reativa a figuras de autoridade e que não consegue receber um “não” sem ficar raivoso. A família tenta animá-lo, mas nada parece funcionar. Até que um dia, Ted encontra um gatinho arisco e teimoso, exatamente como ele! Com paciência e carinho, Ted aprende que mudanças são possíveis. Uma história sensível sobre emoções, convivência e crescimento.
O autor
Atire a primeira palavra quem nunca se sentiu desafiado! Eu me senti ao escrever esta história. Detalhe: os dois gatos da narrativa são reais ― Luna, minha gatinha, e Frajola, um gatinho espoleta conhecido meu e que aqui recebe o nome de Tod. E quem sou eu? Tiago Gonçalves, mineiro de Três Corações. Por ser apaixonado pelo voo das palavras, tornei-me jornalista cultural e tenho formação em artes dramáticas. A psicologia também me fisgou, e, por isso mesmo, faltam poucos passos para me tornar psicólogo! Nessa narrativa de estreia, desejo cativar as crianças a respeito do bem-estar psicoemocional.
A ilustradora
Aceitei o desafio de ilustrar esta história usando minhas ferramentas prediletas: lápis de cor, tinta aquarela e pincéis! Meu nome é Ana Carolina de Paula Ewbank, sou de Franca (SP) e desenho desde criança. Naquela época não poderia imaginar que meus rabiscos pudessem estar em livros contando histórias. Desenhar me conecta com a criança que fui e ainda mora em mim. Acredito que linhas desenhadas, escritas, bordadas ou costuradas são cordões capazes de nos conectar com nossas próprias histórias e com o mundo.
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Por Samia Malas