Cymric: peludinho e sem rabo

Publicado em 19/01/2022

Versão de pelos longos do gato Manx, este felino sem cauda é engraçado e charmoso.

Arquivo de Anna Tapper

O Cymric é uma autêntica bolinha de pelos, pois possui, em seu padrão, corpo, olhos e patinhas com formato redondo e gracioso, que lhe conferem charme único e exclusivo da raça. A característica mais marcante e impossível de não ser notada na raça é a falta da cauda. Resultado de mutação genética natural muito comum em diferentes continentes, principalmente na Ásia, Cymric está entre as oito raças sem cauda da gatofilia. Mas esse não é o único diferencial de exemplares da raça. Suas pernas traseiras são mais longas do que as da frente, então sua garupa fica mais elevada. Essa característica das pernas traseiras alongadas somada à falta de rabo fez com que o chamassem carinhosamente de “gato-coelho”.
Mas esse coelhinho da gatofi lia tem orelhas de gato afastadas, sendo largas na base, com pontas arredondadas e com bastantes pelos em seu interior. Quanto ao tamanho, machos pesam de 4 a 5 kg e fêmeas de 3 a 4 kg, o que faz dele um gato de médio porte.
Andrea Grumet, do Cattery of Dreamwalker, da Áustria, cria a raça há 10 anos e conta que foi paixão à primeira vista. “Quando era mais nova, vi uma foto de um Cymric na internet e me apaixonei. Anos mais tarde, após a morte do meu gato, comecei a procurar por um. Foram dois anos de busca até conseguir adquirir o meu primeiro Cymric da Inglaterra. Em seguida, importei um macho dos Estados Unidos”, afirma Andrea. O gatinho conquistou seu coração e tudo que ela desejava era espalhar a raça em seu país para que todos pudessem ter o que ela chama de “ursinhos de pelúcia” como companheiros.

Arquivo de Andrea Grumet

Um gato de terras distantes

A origem desse gato é a mesma do Manx (veja em Pulo do Gato edição 86), já que são o mesmo gato com pelagens diferentes. Assim, o Cymric também vivia nas ruas da chamada “Isle of Man” ou Ilha de Man, no Reino Unido.
Os primeiros gatos provavelmente chegaram de navio na Inglaterra. Antes era conhecido apenas como um Manx de pelos longos, até que em junho de 1979 foi reconhecido pela The International Cat Association (TICA) e recebeu o atual nome.
Apesar de gatos de pelagem longa e sem cauda na Ilha de Man, onde surgiu o Manx, terem aparecido em relatos, considera-se que a raça Cymric surgiu nos Estados Unidos durante a década de 1960. Uma criadora canadense chamada Blair Wright e uma norte-americana chamada Leslie Falteisek, decidiram fixar a pelagem longa em um gato com características da raça Manx, obtendo o Cymric. Na década de 1970 a Canadian Cat Association (CCA) reconheceu essa nova raça e em 1989 foi a vez da Cat Fanciers Association (CFA) reconhecê-la com o nome Manx Longhair. Uma curiosidade é que “Cymric” vem da palavra “Cymru”, um nome nativo para baleias. Contudo esse gato não tem relação alguma com esse mamífero. Ele foi escolhido apenas para dar a ele um nome Celta devido à sua origem, já que a “Ilha de Man” era ocupada pelos povos Celtas.

Convívio

Esses gatos gentis adoram uma brincadeira e suas poderosas pernas traseiras fazem deles excelentes saltadores capazes de alcançar os lugares mais altos das estantes para investigar algo que os interesse. São inteligentes e aprendem com facilidade a usar suas patas para girar a maçaneta da porta e entrar na despensa cheia de comidas apetitosas. Possuem perfil mais calmo e não costumam vocalizar muito, apenas usam seu som único e animador para pedir algo aos donos. A jovialidade da raça é explicada pelo fato de só alcançar a maturidade aos 5 anos de idade.
São afetuosos e formam fortes laços com a família. Esses felinos adoram atenção e preferem não ficar longos períodos sozinhos. “Eles são um pouco mais calmos, pacíficos e centrados do que as outras raças, mas também podem ter seus cinco minutos de loucura em que correm a casa toda e brincam com outros animais, caso o dono os tenha”, diz Andrea. “Eu diria também que eles conseguem identificar suas necessidades em qualquer momento, ou seja, se você precisa de tempo para si mesmo eles respeitam, mas se sentem que está triste ou depressivo eles vêm até você para fazê-lo sorrir”, acrescenta Anna Tapper do Caaleigh Manx & Cymric Cattery, na Finlândia.

Pelagem sedosa e cores vibrantes

Arquivo de Anna Tapper

Cymrics aparecem em todas as cores e padrões tradicionais e sempre com cores vibrantes e incríveis marcações. As mais comuns são vermelha, preta e azul, com marcações tabby (listas) e com algumas sombras ou com manchas brancas. Também é permitido o branco puro e todas as cores citadas nas versões mais claras. Os olhos podem ser amarelos, laranjas, âmbares, verdes, cobres ou amarelos-esverdeados. Gatos brancos podem ter um dos olhos azul e o outro amarelo ou cobre (odd-eyed) ou ter olhos azuis. “Minha maior paixão são os Cymrics brancos, pois são lindos e bem raros, ainda mais quando possuem um olho de cada cor”, diz Anna. Seu pelo grosso cobre todo o corpo e contribui para sua aparência de gato redondinho. De textura sedosa ao toque, seus pelos, abundantes na parte traseira, e fartos no pescoço, arredondam suas formas. “Apesar de ter pelagem semilonga, o felino requer apenas escovação semanal para manter sua pelagem livre de fios mortos e com aparência sedosa”, aponta Anna.
Como dito antes, o Cymric é um Manx de pelos longos e o comprimento dos pelos de ambos é uma condição genética da raça. Assim, se você cruzar um Cymric com um Manx haverá 50% de chances de ter filhotes com pelos longos e a outra metade de pelos curtos. Mas se você cruzar um macho e uma fêmea do Cymric a probabilidade de uma ninhada com pelos longos será de 90%. O mesmo acontece com o Manx cuja ninhada terá maior porcentagem de filhotes com pelos curtos.

Arquivo de Andrea Grumet

Atenção com esse gatinho

Embora a falta da cauda seja a característica mais marcante dele, é importante ter em mente que as terminações nervosas ainda estão presentes e não há proteção, então é preciso muito cuidado quando manipular a área onde o rabo deveria estar, pois a pressão nessa área pode causar dor. Crianças devem ser instruídas a serem cuidadosas quando acariciarem o gato para não tocarem essa parte delicada. Além disso, ao pegar um Cymric no colo é importante dar suporte à região traseira do gato, sustentando-a para não colocar pressão demasiada em sua coluna.

CONTOS E LENDAS

Há diferentes lendas sobre a história do Cymric. Aqui estão as quatro mais conhecidas:

1 – O coelho: Essa lenda diz que os gatos são fruto do cruzamento entre um coelho e um gato, que gerou essas características bem parecidas entre eles.

2- Os Vikings: Acredita-se que os Vikings matavam os gatos dessa raça e cortavam o rabo para usar como uma joia em seus capacetes. E para evitar o sofrimento dos filhotes, as mães de Cymrics retirava o rabo dos filhotes com uma mordida.

3- A lenda Celta: “Se você pisar no rabo do gato, será mordido por uma cobra.” Então, não haverá mais mordidas, já que o destino se encarregou de garantir que os gatos viriam sem rabo para o nosso mundo. Que alívio!

4 – Lenda bíblica: O rabo da raça teria sido cortado por Noé, ao fechar a porta da arca com pressa, uma vez que a chuva já havia começado e os animais estavam andando muito lentamente.

Agradecimentos
Andrea Grumet, do gatil Cattery of Dreamwalker, da Áustria.
dreamwalker2.webnode.at
Anna Tapper, do gatil Caaleigh Manx & Cymric Cattery, na Finlândia.
www.caaleigh.com


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