Confira como foram os primeiros passos da criação de gatos no Brasil e a evolução das exposições em nosso país
A criação de gatos no Brasil completa 50 anos em 2022 e, para comemorar essa data especial, nós da revista Pulo do Gato conversamos com Anne Marie Gasnier, fundadora do Clube Brasileiro do Gato (CBG) no ano de 1972 e pioneira na criação de gatos no Brasil.
Anne Marie veio da França ao Brasil ainda menina, aos 8 anos de idade, e sua família sempre teve gatos em casa. “Na época, criar gatos como pets não era frequente no Brasil. Nem existiam veterinários especializados em atendimento de felinos”, conta Anne Marie, que lembra até que as pessoas tinham medos de gatos, pois eles sempre foram cercados por muitos mitos. “Quando decidi fundar o CBG, meu objetivo era sobreviver em um país em que o Sem Raça Definida era chamado de Angorá. Pouco a pouco, algumas pessoas foram se juntando a mim, e fizemos nossa primeira exposição de gatos de raça no dia 12 de agosto de 1973, em um quiosque do Jardim da Luz, em São Paulo, com uns 50 gatos, a maioria mestiços. No dia seguinte, todos os jornais da cidade só falavam disso”, relembra. Os primeiros passos da gatofilia foram importantes, inclusive, para o desenvolvimento da indústria pet. “Foi só nos últimos 20 anos que a indústria voltada para o setor pet se desenvolveu, e isso só foi possível porque havia criação de cães e gatos de raça”, diz Anne Marie.
Com o tempo, o número de interessados pela gatofilia foi crescendo. Gerson Alves, atual presidente do CBG, por exemplo, interessou-se pelo hobby por acaso, ao se deparar com uma exposição de Anne Marie. “A partir daí, comecei a me interessar por esse mundo, busquei informações fora do país sobre criação de gatos e, depois de um tempo, percebi que as pessoas não tinham acesso ao que eu havia obtido como informação”, relembra Gerson, que desde 2010 é presidente do clube. “Comecei como secretário no CBG. Como sou arquiteto, fui melhorando os espaços das exposições, otimizando tudo. Fui auxiliar de juízes também, dando apoio durante eventos. Assim, fui aprendendo e me envolvendo cada vez mais com a gatofilia”, compartilha o gateiro, cuja equipe que integra a diretoria do CBG o acompanha até hoje. “Da minha primeira gestão no CBG, ainda estão na diretoria Renato e Ângela Stoicov e Nívio dos Santos Filho. A Tatiana Fabichak e o David Lister iniciaram a criação por volta de 2010 e entraram no quadro da diretoria em 2012, assim como Luís Otávio e Thais Credie”, aponta.
Evolução
Nesses mais de 10 anos que está como presidente do CBG, Gerson conta que muita coisa aconteceu. “Primeiro houve um período de organização e reestruturação do Clube, para depois investirmos em seu crescimento, não apenas na quantidade de associados mas, em especial, na qualidade destes, de seus gatos e dos eventos. Os eventos cresceram muito. Como costumamos falar, invadimos a Av. Paulista, chegando a ter fila que dava volta no quarteirão, na entrada do evento. Tivemos participação no Programa do Jô Soares, em que ficamos aproximadamente 45 minutos no ar. Transformamos a exposição de gatos em um show, Cat Show, já parte do calendário dos eventos de São Paulo”, lista.
Outro passo muito importante do CBG foi deixar de utilizar gaiolas nos eventos. “Hoje, os expositores contam com tocas, confortáveis e pessoais, com ganho no bem-estar dos gatos presentes em nossos eventos. A visitação em nossos eventos cresceu também na qualidade. Temos um público que quer saber sempre mais e, para isso, criamos a nossa visita monitorada, onde visitantes se cadastram para conhecer os bastidores do evento. A lista de juízes que são convidados ficou mais diversificada, e a qualidade do acolhimento que fazemos aos nossos juízes convidados, tornou-se marca registrada, de forma que muitos deles sentem-se orgulhosos de serem convidados para nossos shows”, destaca Gerson.
Destaque internacional
Desde 2008, criadores brasileiros começaram a participar e a ganhar títulos em eventos internacionais, os chamados World Shows. “Hoje já temos muitos world winners, o que trouxe, também, muita visibilidade Internacional ao CBG e seus membros”, aponta Gerson. “O CBG agradece a coragem e o pioneirismo da Anne Marie Gasnier, nossa grande amiga e fonte de inspiração. Esses 50 anos são só o começo!”, finaliza o gateiro.
Por Samia Malas