Que eles são carinhosos todo gateiro sabe! Mas já se perguntou quais sinais revelam o amor que seu gato sente por você? Veja-os a seguir.
Receber carinho de nossos gatos não tem preço. Ainda mais porque gatos têm seu jeito único de demonstrar afeto. É tal peculiaridade que faz com que sejam, muitas vezes, mal compreendidos por quem desconhece os hábitos e reações da espécie. Até a Ciência, que estuda a relação de gatos com seus tutores, se surpreende a cada dia com esses seres incríveis. Recentemente, o médico veterinário italiano Giuseppe Piccione, da Universidade de Messina, descobriu que gatos imitam hábitos de seus donos, tamanha é a atenção que prestam em nós. O especialista percebeu que nossas reações influenciam na tomada de decisão dos bichanos, o que é mais uma prova de que nossa interação positiva com gatos, sem gritos ou sinais de agressividade, fortalece nossos laços.
Se você ainda tem dúvidas dos sinais de amor que seus gatos demonstram por você, a seguir, listamos 16 deles para que você não deixe de retribuir com muito carinho às demonstrações de afeto de seu pet. E o médico veterinário europeu especialista em Medicina Comportamental e fundador do Centro para o Conhecimento Animal, Gonçalo da Graça Pereira, de Portugal, explica cada um desses comportamentos que poderão ser por nós interpretados como manifestações de amor.
1 LEVAR PRESAS PARA O DONO
Todo gato já levou alguma presa para o tutor. Esse ato é interpretado de formas diferentes por quem tem gatos e até por especialistas. Uns acham que é uma “oferenda”, mas Gonçalo explica que tal pensamento está errado. Gatos, sobretudo as fêmeas, trazem a presa morta para seus filhotes com o intuito de alimentá-los e estimulá-los a comer esse tipo de alimento. Quando os bebês estão mais crescidos, as gatas trazem a presa viva para ensinar aos filhotes como matá-la. Só mais tarde sairão juntos à procura e caça da presa. “Quando o gato traz uma presa para os tutores, pode ser interpretado como um ensinamento”, diz.
2 DAR CABEÇADINHAS DE AMOR
Ao receber cabeçadinhas de seu gato, significa que ele está te “marcando” como faz com outros membros de sua família. O olfato é um sentido muito importante para os felinos e, como tal, deixar o cheirinho dele pela casa e em seu tutor é algo essencial para a orientação, comunicação, interação social, status e identificação de seu território. O gato esfrega as bochechas em você porque o odor dos chamados feromônios (substância que permite a comunicação química entre animais da mesma espécie) é liberado por glândulas presentes na cabeça. Os cantos da boca, o queixo e a área com menos pelos entre olhos e orelhas são os locais que mais liberam feromônios, segundo Gonçalo. “Quando o fazem no seu tutor, depositam o odor de grupo, uma vez que ele poderá trazer um cheiro diferente da rua. E mesmo sem a existência de outro odor, há que manter o odor estável e isso é obtido pelo roçar e lamber”, explica. As almofadas das patas também podem liberar feromônio. Aliás, é por isso que gatos afiam as unhas em locais específicos. Eles liberam seu cheirinho para mostrar que o território está ocupado e também porque ajuda no equilíbrio emocional deles.
3 RONRONAR MUITO!
O ronronar dos gatos é um som produzido exclusivamente pela espécie felina e pode ter diferentes significados, desde prazer até medo, dor ou preocupação. Portanto, quando seu gato ronrona em sua presença, pode ser viso como sinal de afeto. O ronrom também é usado pela mamãe gata para que seus fi lhotes saibam sua localização nos primeiros dias de vida, quando ainda não enxergam.
4 DEIXAR ACARICIAR SUA BARRIGA
A barriga é uma área muito sensível para os gatos. Todos já puderam constatar que a maioria não gosta de carícias ali. No entanto, Gonçalo comenta que há gatos que toleram e outros que gostam, da mesma forma que há pessoas que gostam de massagem nos pés e outras que não suportam. “Uma interpretação errada é que o gato, quando ‘oferece’ a barriga para cima, está numa postura de submissão como os cães”, destaca o especialista. De acordo com ele, assumir essa posição pode ser um convite para brincadeiras ou quando cumprimentam a progenitora ou outros elementos mais velhos do grupo, inclusive os donos. Também pode ser uma postura de total defesa, pois fica com as quatro patas prontas para atacar.
5 SEGUIR O DONO POR TODA PARTE
Quando você está em pé, na cozinha, ele deita em algum ponto estratégico, seja no alto ou em algum canto, para ficar bem perto? Seu gato te segue até quando você vai ao banheiro? Parabéns, seu bichano te adora! Contudo, Gonçalo alerta que tal comportamento pode ter outro significado, como ansiedade por separação. “Seguir o dono por toda parte é um comportamento que poderá ser normal, significando apenas o desejo de estar próximo do seu grupo, que lhe dá o equilíbrio, mas poderá ser patológico, quando se desenvolvem sinais secundários a um processo de ansiedade.” Exemplos desses sinais são gatos que deixam de se alimentar na ausência do tutor, vocalizam quando sozinhos, entre outros. Este comportamento de dependência do tutor não deve ser reforçado. Isso não quer dizer que não deva acariciar o seu gato, mas faça-o quando o bichano não estiver te seguindo, mas acomodado em outro local da casa, onde você não estava.
6 DORMIR EM NOSSAS ROUPAS USADAS
Por que alguns gatos preferem dormir nas roupas dos donos em vez de nos panos e caminhas deles? Com certeza você, leitor, já deve ter se perguntado isso. Gonçalo explica que, quando um gato escolhe o local onde dorme, conforto não é seu principal requisito. “Tem que inspirar segurança. O local onde os tutores deixam as roupas, por norma, são locais seguros. Além disso, as peças têm odor do grupo”, acrescenta.
7 AMASSAR PÃOZINHO
Esse é um comportamento que a maioria dos gatos tem e Gonçalo revela que é tido como ato que remete o mamar, quando o gatinho massageia a glândula mamária da mãe para estimular a liberação de leite. “Amassar pãozinho serve de relaxamento ao gato, pois nesses momentos libertam-se feromônios apaziguadores.” Assim, em momentos de relaxamento, ou quando têm a intenção de ficarem calminhos e confortáveis, os gatos poderão executar tais movimentos. No entanto, Gonçalo alerta que gatos ansiosos, poderão desenvolver compulsividade pela repetição contínua desse comportamento que os tranquiliza. Então, é preciso atenção para diferenciar uma conduta normal de uma repetitiva e, se algo anormal for identificado, procurar ajuda de um veterinário especializado em comportamento felino.
8 BALANÇAR A PONTINHA DO RABO
A cauda revela muitas emoções do animal e pode ser um bom termômetro para perceber sinais de estresse ou ansiedade, como quando o rabo se agita vigorosamente de um lado para outro, e também indica o relaxamento do animal, quando repousa em torno de seu corpo. “Quando um gato estica a cauda na vertical e dobra a pontinha, sobretudo quando se dirige a outro gato ou aos tutores, é um cumprimento e um sinal de paz e união”, afirma Gonçalo.
9 ESTABELECER CONTATO VISUAL
O conhecido “beijo do gato” também é uma forma de demonstrar carinho. Gonçalo enfatiza que para retribuir ao tal beijo é preciso saber como fazê-lo. “Olhar os gatos com os olhos semicerrados e pestanejar pode acalmá-los e pode ser interpretado como um sinal amigável. Obviamente que olhar o gato diretamente nos olhos, com os nosso olhos bem abertos, é um sinal claro de conflito”, diferencia.
10 MIADOS DE BOAS-VINDAS
“Já está mais que estudado que os gatos estabelecem um vínculo com os tutores”, lembra Gonçalo. Assim, quando seu gatinho te recebe com miados após um dia de trabalho é sinal de que ele quer interagir com você. “Os gatos são ‘britânicos’ ao demonstrar seus sentimentos. Ao contrário dos cães, que são muito mais ‘latinos’ e demonstram efusivamente aquilo que sentem, gatos preferem curtos contatos várias vezes ao dia”, compara. Em caso de viagens, por exemplo, quando o gato fica sob cuidados de outra pessoa por um tempo, o veterinário alerta que, após o regresso do tutor, o pet pode demorar um pouco a recuperar o equilíbrio previamente estabelecido.
11 DEITAR EM NOSSO COLO OU AO LADO
Nem todo gato aprecia um colo, mas os que gostam se deitam nele porque é confortável, quentinho e tem o odor do grupo. “Os felinos que não querem ficar no colo devem ser respeitados”, ressalta Gonçalo.
12 LAMBER VOCÊ! Ser lambido por um gato é uma honra! Essa é, talvez, a demonstração de amor que donos menos gostam, pois a língua dos gatinhos é realmente áspera ao toque. Contudo, Gonçalo explica que o ato de lamber faz parte do comportamento social dos gatos. “Eles se lambem e lambem os que pertencem ao mesmo grupo social para criar e manter o odor do grupo.”
13 TOLERÂNCIA DE AFETO
Permitir que você o beije, por exemplo, é um sinal de que seu gato tolera sua demonstração de afeto mesmo que, para ele, beijos não sejam atitudes inerentes à espécie felina. “Beijar cão ou gato, assim como o abraço, não faz parte do comportamento normal ou abordagem adequada dessas espécies. No entanto, essa nossa demonstração de afeto poderá ser tolerada por condicionamento ou habituação e por isso ser aceita”, acrescenta Gonçalo.
14 TRANÇAM SUAS PERNAS
Para os tutores que tropeçam em seus gatos toda hora, saibam que esse também é sinal de afeto. Eles querem carinho, ficar perto. Alguns gatos chegam até a dormir aos pés do dono enquanto ele prepara o jantar ou lava a louça. A explicação para isso é a mesma dada no subtítulo “cabeçadinhas de amor”, pois gatos também liberam feromônios na base da cauda e nas laterais do corpo. Portanto, ao se esfregarem e trançarem suas pernas, eles estão liberando seu cheirinho em você.
15 ROLAR DE UM LADO PARA O OUTRO
Quando um gato se joga na sua frente e dá aquela roladinha de um lado para outro, ele está te dando um “olá” superamigável e pedindo um pouco de atenção. “O rolling é um comportamento infantil que o gato tem, como um fi lhote teria perante a sua progenitora ou outro elemento mais velho do seu grupo. Pode ser um comportamento de reverência ou um cumprimento”, explica Gonçalo.
16 FICAR COM VOCÊ!
Por fim, a maior demonstração de amor que um gato pode dar é a companhia dele. Diferente do cão, que é fiel ao dono sob qualquer hipótese, o gato, se não tiver recursos suficientes para se sentir confortável e se não gostar de sua presença, partirá do lar logo que for possível.
Agradecemos Gonçalo da Graça Pereira Médico veterinário com doutorado em Ciências Veterinárias pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Portugal. Fundador e diretor científicopedagógico do Centro para o Conhecimento Animal, Algés, Portugal. Presidente da Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento e Bem-estar Animal (PsiAnimal), e vicepresidente do Colégio Europeu de Bem-estar e Medicina Comportamental (ECAWBM) e da Sociedade Europeia de Etologia Clínica Veterinária (ESVCE).