10 passos para ter um lar gatificado e ideal para um gato

Publicado em 20/03/2025

O termo enriquecimento ambiental está na moda, mas será que você, gateiro, está sabendo aplicá-lo na rotina do seu felino?

Foto: Nils Jacobi/iStock

O gato se tornou o pet do século XIX, em partes, pela praticidade de seu manejo em relação ao cão. Porém, especialistas na área comportamental felina alertam sobre a importância de se oferecer uma série de elementos na criação de gatos domésticos que são fundamentais para o seu bem-estar físico e emocional. É o chamado enriquecimento ambiental (EA), que ganhou força na última década com a chegada de produtos e empresas especializadas em ajudar gateiros na missão de satisfazer as necessidades de espécie dos felinos dentro de casa (no ambiente doméstico), local que não tem os recursos que os ancestrais de nossos felinos encontravam na Natureza. “O enriquecimento ambiental é extremamente importante porque ele é uma necessidade ambiental para o gato. Tem se falado bastante no assunto ultimamente porque muitos gatos vêm apresentando problemas de comportamento como ansiedade, frustração e até depressão por não terem um ambiente enriquecido”, destaca a médica-veterinária Isabela Zitti, especializada em medicina felina, de Ribeirão Preto, SP. Assim, a veterinária explica que o EA consiste em tentar adaptar sua casa ou apartamento para o gato. “Antes de tudo, o tutor tem que saber quais são essas necessidades”, destaca Isabela.

Juliana Damasceno, pós-graduada em Comportamento e Bem-Estar Animal, de São Paulo, aponta que o gateiro precisa sim adequar a casa toda para a espécie. “O gato é um animal territorial e considera toda a casa como sendo parte do seu território. Inclusive, muitas vezes, até o entorno da casa é tido como parte do seu território, por isso que a maioria dos gatos têm o ímpeto de sair de casa para dar aquelas voltinhas tão perigosas, que não recomendamos”, explica Juliana.
A seguir, as profissionais ensinam dicas valiosas para trazer bem-estar e saúde mental ao seu felino em um lar gatificado, em que o enriquecimento ambiental realmente é aplicado!

1. PLAYGROUND FELINO
Em primeiro lugar, Isabela destaca que o gato precisa ter lugares para subir, correr e se esconder. Para isso, podemos usar recursos como nichos, aqueles playgrounds que instalamos nas paredes ou até usar caixas de papelão para proporcionar esconderijos e locais de escalada para eles. “Os tutores não precisam gastar muito dinheiro para promover o EA na sua casa. As caixas de papelão podem servir como esconderijos, locais para dormir e, se juntar várias caixas, dá para fazer até um ‘castelo’ para seu felino”, comenta Isabela.

2. DIVERSÃO À MODA FELINA
Outra necessidade dos felinos é brincar. “A brincadeira simula a caça, e todo gato precisa caçar, em média, 15 minutos duas vezes ao dia”, ensina Isabela. Juliana alerta que gatos têm suas particularidades na hora de brincar. “Por isso que, especialmente se temos mais gatos em casa, precisamos ir testando o que funciona com cada um deles. Por exemplo, um tipo de varinha que agrada um não vai atrair o outro”, diz Juliana também pede atenção sobre brinquedos eletrônicos. “A estimulação do dono na hora da brincadeira é muito importante, o fato de estar junto como gato para brincar. Às vezes buscamos brinquedos eletrônicos para ganhar tempo, mas é importante estar junto na hora de brincar e estimular o gato”.

3. OFERTA DE ÁGUA
Isabela explica que é preciso espalhar vários potes de água pela casa, assim como potes de ração em vários cômodos seguindo a regra N+1 (se você tiver 2 gatos, tem que ter três potes de água e três de ração). “Essa regra vale para todos os itens de EA. Vale lembrar que a água nunca deve ficar perto da ração e nem dos banheiros dos gatos”, alerta a veterinária.

4. ARRANHADORES
Outro item de extrema importância são os arranhadores, que podem ser de sisal, carpete, papelão etc., tudo vai depender da preferência do gato, ensina Isabela. “O arranhar é outro comportamento que o gato precisa exercer. Ele não só serve para ajudar na retirada das unhas velhas que se soltam, como também ele tem a função de comunicação, já que ao arranhar, ele deposita feromônios naquele local. Os feromônios são substâncias químicas que o gato libera em várias regiões do corpo. É como se o gato deixasse um ‘carimbo’ onde ela arranha, trazendo segurança para o gato, já que ele está ‘carimbando’ seu território”, explica.

Foto: Nils Jacobi/iStock

5. GRAMINHAS PARA ELES
Plantar milho de pipoca ou aveia é outra dica importante, pois os gatos amam comer a graminha quando ela cresce, diz Isabela, indicando que este é um comportamento natural da espécie.

6. OBSERVADORES E PATRULHEIROS
Como o gato, de fato, tem esta vontade de explorar o território exterior da casa, Juliana recomenda que ele tenha acesso a janelas e varandas (teladas) para que eles controlem o ambiente externo, sendo formas de permitir que patrulharem os arredores do lar em segurança.

7. DISPERSE OS RECURSOS
Assim como a oferta de água e ração, citada anteriormente, Juliana enfatiza que o ideal é que todos os cômodos da casa tenham itens para que o gato utilize como água, arranhador, alimento e local de descanso, para multiplicar e dispersar os recursos nos ambientes. “Quanto mais concentramos recursos em um ambiente, mais geramos estresse e mais vamos estimular que os gatos utilizem os mobiliários para arranhar, que subam em móveis e locais que não são ideais para eles”, diz Juliana.

8. PROMOVA DESAFIOS
A alimentação, além de ser de qualidade, também deve ser usada para o EA, proporcionando desafios na hora das refeições, com o uso de comedouros interativos, por exemplo. “Podemos começar em níveis mais fáceis e ir evoluindo até os mais avançados, para que os gatos tenham estimulação física e mental durante a alimentação”, ensina Juliana.
Isabela dá uma dica de brincadeira fácil e barata que o gateiro pode fazer em casa para estimular o seu felino: “rolinhos de papel higiênico podem servir de porta petisco. É só colar as extremidades e fazer vários buracos, e colocar a ração dentro deles. O gato vai tentar tirar essa ração, e isso promove estímulo mental e gasto de energia também”.

9. CAIXAS DE AREIA, SEMPRE!
A caixa de areia precisa estar sempre adequada para que o gato a use. “Ela deve ser grande o suficiente para caber o gato confortavelmente nela, o substrato precisa ser fino e aglutinar, para que ele consiga enterrar as fezes de maneira eficiente, a distribuição de caixas no ambiente também influencia, pois ela não pode ficar perto do alimento e da água do gato”, alerta Juliana.

10. VOCÊ E SEU GATO, JUNTOS!
Por fim, a relação interespecífica com o tutor, ou seja, o contato que você tem com o gato, é muito importante, pois existem pesquisas que sugerem que eles preferem esta interação à brinquedos e outros recursos, aponta Juliana. “Então a relação do gato com o humano, principalmente aquele felino que não tem traumas, é muito importante e deve ser feita de forma regular e previsível. Assim, separe um momento do dia para estimular o gato de forma positiva. Então, se for carinho, tem que ser no tempo e áreas do corpo que o gato se sinta mais confortável. Se o gato gosta de tomar sol, ficar junto com ele é uma opção, ou fazer uma escovação, como se fosse um ritual diário entre você e seu gato, e que siga três premissas básicas: tem que ser positivo, previsível e consistente”, finaliza Juliana.

Agradecemos a colaboração de
Isabela Zitti Médica-veterinária especializada em comportamento felino, que atua exclusivamente na área. Graduada pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), pós-graduada em Clínica Médica de Felinos pela Equalis, certificada pelo Fear Free Certified Professional. Possui certificação internacional em Advanced Feline Behaviour for Veterinary Professionals, pela ISFM (International Society of Feline Medicine). Professora do INSPA (Instituto de Psicologia Animal).

Juliana Damasceno Bióloga, mestre e doutora em Psicobiologia pela USP e UCC (Irlanda); e fundadora da WellFelis Comportamento e Bem-Estar Felino, empresa pioneira em atendimentos comportamentais e cat sitter exclusivos para felinos no Brasil. Atualmente é professora do curso de Pós-Graduação em Comportamento e Bem-Estar Animal do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp) e consultora comportamental pela WellFelis, com atendimentos presenciais para São Paulo e online para o Brasil e o exterior.
wellfelis.com.br


Por Samia Malas


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