Anemia em gatos: um sintoma comum, silencioso e perigoso

Saiba reconhecer os principais sinais e entender as diferentes causas deste sintoma em felinos, que exige tratamento urgente

Foto: Oksana Vainrub/iStock

Gatos já costumam esconder sintomas em geral, porém, notar que o gato está anêmico é um grande desafio para o tutor. “A anemia em gatos é um sintoma preocupante de alguma doença base que leva ao quadro, e deve ser acompanhada e tratada o quanto antes para aumentar as chances de reversão. Se não tratada adequadamente, pode levar à baixa perfusão sanguínea aos órgãos vitais e, em casos mais graves, o óbito do animal”, alerta Nayara Cristina de Oliveira Fazolato, médica-veterinária do My Cat Consultório Veterinário Exclusivo para felinos, de Sorocaba, SP. A veterinária explica que existem dois tipos de anemia: a aguda, em que ocorre a queda do hematócrito rapidamente e o gato pode deixar de comer (algo muito grave para um felino, pois acarreta diversos problemas de saúde e pode levar à morte); e a crônica, que é quando o hematócrito cai gradualmente e, muitas vezes, o gato se adapta e continua se alimentando, mesmo com anemia severa. Assim, mesmo se alimentando o gato pode estar anêmico.

CAUSAS DA ANEMIA
Nayara explica que a inapetência pode culminar em anemia, tanto pela deficiência nutricional quanto pela própria doença base que causou a inapetência. “Deve-se buscar um veterinário para diagnóstico da causa da anemia, e realizar o tratamento a fim de reverter o quadro”, enfatiza. Ainda segundo ela, a anemia é uma manifestação clínica bastante comum em felinos por diversos motivos. “Uma delas é o fato de a espécie ter maior grupo de sulfidrila na hemoglobina em comparação aos humanos e cães, tornando-a mais frágil a processos oxidativos (lesão). Devido a isso, muitas substâncias são extremamente tóxicas para a espécie, como alguns medicamentos (paracetamol) e alimentos (cebola)”, explica.
Outro grande motivo da anemia ser tão comum em gatos segundo Nayara, são as doenças inflamatórias (como doença intestinal inflamatória, colangiohepatite etc.) que apresentam grande casuística na espécie felina, principalmente em gatos de meia idade a idosos. Outras doenças graves que podem levar à anemia na espécie felina são:

Doenças infecciosas: Fiv, Felv, micoplasmose, PIF, entre outras;
Doença Renal Crônica: pela inflamação, síndrome urêmica, diminuição da eritropoietina;
Neoplasias: linfomas e leucemias;
Intoxicação: por produtos químicos, alimentos e medicamentos.

TRATAMENTOS
Muitas vezes, em situações de anorexia (quando o gato não se alimenta mais), Nayara diz que são utilizados estimulantes de apetite e até uma troca momentânea de dieta até o apetite ser reestabelecido. “Os tratamentos para anemia dependem da doença base, por isso o tratamento de um paciente pode ser completamente diferente de outro. As medicações mais utilizadas são suplementos alimentares, cortisonas, imunomoduladores. Em casos mais graves, a transfusão de sangue pode ser indicada para ganhar tempo até o tratamento começar a fazer efeito”, afirma. “A anemia é a manifestação clínica de alguma doença, por isso é de suma importância fechar diagnóstico para o tratamento personalizado ao paciente”, enfatiza Nayara.

DIAGNÓSTICO
Mas como detectar se seu gato está anêmico? Geralmente, em casos iniciais de anemia, Nayara revela que observamos alterações apenas em exames de sangue, como o hemograma, ou seja, dificilmente o tutor consegue detectar a anemia de início. “Em quadros moderados a severos, observamos as mucosas dos animais mais pálidas, como orelhas, focinhos, gengiva e coxins (almofadinhas). Também observamos sintomas como prostração, anorexia e interesse por comer areia da bandeja sanitária. Os batimentos cardíacos podem ficar mais acelerados e o gato também pode apresentar sopro. Em casos mais graves pode haver falta de ar e respiração com a boca aberta, apresentando um perigo iminente na vida do gato”, detalha.
Assim, a médica-veterinária ensina que a anemia é diagnosticada pela contagem das hemácias e, por consequência, a porcentagem do hematócrito através do hemograma. “Outros exames costumam ser indicados a fim de compreender melhor o quadro, como contagem de reticulócitos (para avaliar se hemácias jovens estão sendo liberadas na circulação) ou punção de medula óssea para avaliar a matriz da produção sanguínea”, diz.

PREVENÇÃO
Para prevenir anemia em gatos, Nayara recomenda que o tutor mantenha alimento de boa qualidade, jamais medique o pet por conta própria, realize check-ups recorrentes a fim de se diagnosticar doenças logo no início e receber tratamento correto, para melhorar o prognóstico do animal.

Agradecemos a colaboração;

Nayara Cristina de Oliveira Fazolato
Graduada em Medicina Veterinária e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Sorocaba (UNISO); pós-graduada em Clínica Médica de Felinos pela Equalis; Sócia proprietária do My Cat Consultório Veterinário Exclusivo para Felinos em Sorocaba, SP.

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