Mesmo sendo excelentes equilibristas, quedas acidentais acontecem e podem ser graves

Ninguém pode negar que o gato conquistou de vez o seu espaço como animal de estimação. Diferente dos cães, os felinos são praticamente independentes, autolimpantes, silenciosos e não exigem passeios diários. Com isso, estão cada vez mais presentes nos lares — especialmente nos apartamentos, acompanhando a vida urbana moderna.
Quem convive com gatos sabe da sua paixão por alturas, beirais de janelas e pela caça instintiva de insetos e pássaros. Ao avistarem uma “presa” do lado de fora, muitos gatos saltam impulsivamente, sem perceber o risco. Mesmo sendo excelentes equilibristas, quedas acidentais acontecem — e podem ser graves.
Com o aumento desses acidentes, observou-se um padrão típico nas lesões, dando origem ao termo “síndrome do gato paraquedista”.
O Mecanismo de Queda
Gatos possuem uma habilidade impressionante de corrigir a postura durante a queda. Quando caem de grandes alturas — geralmente a partir do sétimo andar — têm tempo suficiente para rotacionar o corpo, alinhar as patas e abrir os membros, como se estivessem planando. Esse movimento ajuda a reduzir a velocidade final do impacto, funcionando como um “pára-quedas natural”, e pode minimizar a gravidade das lesões.
Por outro lado, em quedas de alturas menores — abaixo do sexto andar — o tempo de queda é curto, dificultando essa correção postural completa. Nesses casos, os traumas costumam ser mais severos, já que o gato atinge o solo de forma desorganizada, com maior impacto direto sobre membros ou cabeça.
Lesões mais Comuns
As lesões variam conforme a altura da queda, o tipo de superfície atingida e a condição física do animal. Em quedas intermediárias (do segundo ao sexto andar), é comum observar fraturas nos membros anteriores, mandíbula ou bacia, além de traumas cranianos. Já em quedas muito altas, há maior tendência a lesões torácicas, como contusões pulmonares, pneumotórax e hemorragias internas, devido ao impacto com o peito e o abdome.
Importante destacar que, mesmo em quedas de apenas um ou dois andares, há risco de trauma significativo.
Tratamento
O tratamento depende do tipo e da gravidade das lesões. Por isso, se seu gato sofreu uma queda, procure atendimento veterinário imediatamente, mesmo que ele aparente estar bem.
Gatos podem caminhar normalmente após o impacto e ainda assim apresentarem lesões internas graves. Problemas pulmonares, por exemplo, podem demorar horas para se manifestar, e nesse intervalo a vida do animal pode estar em risco.
Saber de qual andar ocorreu a queda é uma informação valiosa para o veterinário avaliar possíveis danos e conduzir os exames adequados.
Prevenção
A melhor forma de prevenir esse tipo de acidente é instalar telas de proteção em todas as janelas, sacadas e vãos abertos do apartamento. Essa medida simples salva vidas e deveria ser considerada obrigatória por todos os tutores de gatos — e também de crianças pequenas.
Um Alerta Final
Este texto tem caráter informativo e visa conscientizar os tutores sobre os riscos das quedas e a importância da prevenção. Nunca medique seu animal sem orientação de um médico-veterinário. Em situações de queda, procure atendimento o quanto antes.
Por Dra. Laila Massad Ribas
Dra. Laila Massad Ribas é médica-veterinária, mestre e doutora pela USP, com mais de 20 anos de experiência em Diagnóstico por Imagem e cofundadora da Baroni-Massad Cursos.