10 cuidados que gateiros não podem ignorar

A seguir, listei os principais erros de manejo que observo em lares com felinos

A vida anda corrida: trabalho, casa, filhos e ainda um bichano para cuidar. Nesse cenário, muita gente acha que gato dá pouco trabalho e, muitas vezes, até opta por ter gatos em casa por conta desta característica do pet. Afinal, não precisa passear, não toma banho com xampu e água, parece independente. Mas cuidado: isso é um mito! Gatos precisam, sim, de cuidados diários para viver bem e com saúde.
O amor das pessoas pelos seus felinos é enorme e justificado. Eles são companheiros, carinhosos, engraçados e melhoram até a nossa saúde mental. Mas, para manter todos estes benefícios, alguns cuidados são indispensáveis. A seguir, vou abordar os principais erros que os tutores de gatos cometem – e como evitá-los.

1 – PRESTE ATENÇÃO EM MUDANÇAS NO GATO
Gato tem origem selvagem, lembra? Os gatos foram domesticados há cerca de 10 mil anos, mas ainda carregam muito da natureza selvagem. Eles escondem doenças, afiam as unhas no sofá e marcam território. Isso vem de um instinto básico de predador: quem demonstra fraqueza vira presa. Por isso, é fundamental atenção redobrada no que é ou não normal em seu gato. Gato não reclama – e quando demonstra alguma mudança de comportamento ou sinal de desconforto ou dor, muitas vezes, já é tarde demais. Assim, preste muita atenção e leve-o ao veterinário diante de qualquer mudança.

2 – RAÇÃO ÚMIDA É ESSENCIAL
Muita gente acha que oferecer sachê é só uma forma de agradar o gato. Errado! A ração úmida ajuda a aumentar a ingestão hídrica diária dos gatos, animais que bebem pouca água por conta própria. Cerca de 60 a 90% dos alimentos úmidos são compostos por água, o que ajuda a prevenir problemas renais e urinários – se o sachê for inserido na devida frequência na rotina alimentar dos gatos. Assim, sachês e patês podem (e devem) fazer parte da dieta diária. Varie texturas enquanto o gato é filhote, até uns 4 meses. Vale até fazer picolé de sachê no verão! E sachê não faz mal, não tem sódio demais e não vicia.

3 – ÁGUA SEMPRE FRESCA (E CORRENTE)
Gato gosta de água corrente, não de água parada. Por isso é tão comum vermos gatos bebendo água na torneira da pia – hábito que não deve ser incentivado, pois se você for um tutor que fique fora de casa o dia todo seu gato só vai beber água quando você estiver. Por isso indicamos as fontes de água, que ficam ligadas o tempo todo ou com sensor que liga quando o gato se aproxima. Outra opção é espalhar potinhos de água pela casa. Prefira potes largos, para que o gato não encoste os bigodes, e coloque pedrinhas de gelo nos dias quentes. Um gato de 5 kg precisa ingerir uma média de 300 ml de água por dia – idosos e gatos com problemas renais, ainda mais.

4 – CAIXA DE AREIA: SEMPRE LIMPA E NO LUGAR CERTO
O gato é um animal muito higiênico. Assim, caixa de areia suja, ele simplesmente não usa. Portanto, limpe a caixinha do seu gato diariamente e mantenha pelo menos uma caixa a mais do que o número de gatos na casa. Espalhe as caixas pelas áreas tranquilas, longe de comida, máquina de lavar e locais de passagem. A areia deve ser colocada até que tenha de 3 a 5 cm de altura.
As caixas sanitárias devem ter um tamanho adequado, não podem ser pequenas, nem baixinhas. Muitas vezes o tutor compra uma caixa pequena quando o gatinho ainda é filhote e depois que ele cresce, acaba esquecendo de trocar a caixa por uma maior. Para limpar a caixa sanitária do gato, pode-se usar detergente neutro, álcool ou sabonete líquido. Após essa limpeza, passar um produto a base de amônia quartenária. Qual areia é a melhor? Aquela que o seu gato gostar e o seu bolso permitir.
Tutores, muitos problemas urinários, principalmente em gatos machos têm como causa a caixa sanitária. Tenha bastante cuidado com esse item, invista em caixas e areia de qualidade, pois os gastos com cistites e obstruções urinárias são altos.

5 – VACINAÇÃO ANUAL É OBRIGATÓRIA
Mesmo gatos que vivem em apartamento precisam de vacina. Além da antirrábica, as vacinas polivalentes protegem contra doenças respiratórias e digestivas graves. E lembre-se: basta um resgate inesperado de um gatinho de rua ou uma secreção trazida no sapato para expor seu gato à diversos vírus. Por isso, consulte o médico-veterinário e mantenha a carteirinha do seu felino em dia.

6 – ANTIPULGAS E VERMÍFUGOS
Gatos também pegam vermes e pulgas mesmo sem sair de casa. Os vermífugos previnem vermes intestinais e os antipulgas protegem contra alergias e doenças transmitidas por esses parasitas. Aqui também vale ressaltar que gatos de apartamento também devem ser vermifugados, com menos frequência sim, mas não devemos deixar de vermifugar.
Quando encontramos pulgas nos gatos, ali é apenas uma parte delas, apenas 5% ficam no animal, os outros 95% estão no ambiente, em forma de larvas, ovos e pupas. Por isso a importância de limpar também o ambiente com produtos específicos à base de amônia quaternária. Muito importante esse controle de pulgas, porque elas também podem causar alergia na pele através da sua picada e são responsáveis por transmitir vermes e bactérias que, muitas vezes, pode ser fatal para o gato.

7 – CHECK-UPS REGULARES
Doença silenciosa é marca registrada de gato. Por isso, check-ups anuais são indispensáveis — semestrais ou trimestrais para os idosos. Exames simples como hemograma, perfil renal e ultrassom podem salvar vidas. Um diagnóstico precoce faz toda a diferença no tratamento.

8 – TESTE PARA FIV E FELV
Um exame de extrema importância para o gato é o teste do Fiv (vírus da imunodeficiência felina) e Felv (leucemia felina), que é um teste rápido, tipo um teste de gravidez, que indica se o gato tem um desses vírus ou até mesmo os dois. Ambos são vírus específicos de gatos, altamente transmissíveis entre eles. Não passa para nenhuma outra espécie, nem para os humanos. Nenhum desses vírus tem cura, mas têm tratamento para controle. Assim, uma vez positivo, sempre positivo. Todos os gatos devem ser testados. Gatos que têm acesso à rua (o que não deveriam ter), devem ser testados periodicamente.
O ideal é testar o filhote a partir de 4 meses. Caso precise testar antes dessa idade, é obrigatório testar novamente após 30 ou 60 dias. E sempre que tiver exposição, testar novamente.

9 – ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL
Gato precisa brincar e se movimentar. Além de evitar o tédio, a atividade reduz o risco de doenças. Invista em prateleiras, caixas de papelão, esconderijos, brinquedos interativos e árvores de arranhar. Esconda petiscos, faça trilhas pela casa e coloque sons da natureza. Vale até congelar brinquedinhos no gelo. Isso melhora a saúde física e mental do pet.

10 – CONTROLE DE PESO: GATO GORDO NÃO É BONITO
Esqueça a ideia de que gato gordo é saudável. A obesidade felina está ligada a doenças cardíacas, renais, ortopédicas e até diabetes. A culpa raramente é do metabolismo: 97% dos casos são causados por excesso de comida e falta de atividade. Castração não engorda – quem engorda é o tutor desatento.
Cuide da dieta, ofereça petiscos com moderação, estimule o exercício e faça check-ups.
Gato obeso sofre com problemas de pele, dificuldade de higienização e até infecções. Por isso, mantenha seu bichano esbelto, ativo e feliz. A boa notícia? Tudo isso é simples de fazer.

CONCLUSÃO
Cuidar bem de um gato é cuidar de cada detalhe da rotina dele. Alimentação, água, higiene, saúde, ambiente e carinho. Pequenas atitudes diárias garantem anos a mais de vida saudável e tranquila para seu bichano e evitam muitos perrengues para o tutor. Como bem sabemos: gato não fala, mas quando demonstra algo, é porque já passou da hora de agir.

Agradecemos a colaboração,
Dra. Candice Garcia,
Formada pela UFRGS em 1997; pós-graduação com especialização em medicina felina pela Equalis em 2016; pós-graduação em medicina Veterinária preventiva pelo método do MPI, criado pela Dra. Nora Muñoz em 2023; proprietária da primeira e única clínica exclusiva para gatos em Aracaju, SE, a Toca dos Gatos
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