Seu gato é alérgico?

Saiba reconhecer os sinais das principais alergias em felinos e veja como trazer mais qualidade de vida aos bichanos

Foto: Liudmila KudritskayaiStockphoto

Coceira ou lambedura excessiva, descamação, vermelhidão, perda de pelos, tosse, falta de ar, mudanças de comportamento, diarreia e vômitos estão entre os sintomas que os diferentes tipos de alergia podem causar nos gatos. São muitas as possibilidades e, por isso, o diagnóstico nem sempre é rápido.

{PAYWALL_INICIO}

Assim, os tutores devem estar sempre atentos aos padrões de comportamento de seus gatinhos.
Segundo a médica-veterinária dermatologista e alergologista Ciciane Marten Fernandes, o principal ponto de atenção dos tutores deve ser a recorrência dos sintomas. “O gato teve um quadro de alergia na pele, por exemplo. Tratou-se momentaneamente com uma pomada, um spray, uma medicação e passou. Dois ou três meses os mesmos sinais reaparecem, mas dessa vez ele também apresenta conjuntivite. Então a gente começa a perceber que existe uma recorrência desses sinais clínicos juntamente com a exacerbação. Antes ele se coçava só um pouquinho e agora está se coçando mais. Aí a gente começa a juntar as peças do quebra-cabeça para montar o diagnóstico, que, no caso da alergia, é clínico”, comenta a profissional.
Ciciane explica que os sintomas costumam mostrar-se primeiramente na pele. “Há um fator de coceira realmente importante na face. E aí, como o gato tende a esfregar muito o rosto, muitas vezes pode apresentar acne como uma contaminação secundária. Ele machuca tanto, faz tanta fricção naquele local, que bactérias como Staphylococcus e Streptococcus acabam colonizando a pele e formando a acne”, descreve.
Segundo Ciciane, as alergias geralmente aparecem com 1 ano de idade, mas, em média, até os 4 anos eles já começam a ser acometidos pelos sintomas. Ela destaca ainda que o Persa e o Siamês bolinha costumam ter mais sinais alérgicos.
Renata Pinheiro, médica-veterinária da plataforma Guiavet, também chama atenção para o risco de infecções fúngicas oportunistas que podem se instalar nas feridas causadas pela coceira, e para sinais que vão além dos cutâneos, tais como quadros respiratórios – incluindo tosse, espirros e falta de ar – e gastrointestinais, como diarreia e vômitos.
Outro comportamento comum em quadros de alergia é quando os gatos passam a mordiscar todo o corpo.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Tanto a variedade de sintomas como a maior predisposição a infecções secundárias são fatores que dificultam ainda mais o diagnóstico da alergia. “Os gatinhos são animais bem resistentes e que podem tentar esconder dos donos que algo não está muito bem. Por isso, ao perceber qualquer alteração no comportamento ou sinal de que algo está errado, procure orientação veterinária”, recomenda Renata. A especialista sugere que o tutor informe o médico-veterinário sobre o histórico de vacinação, de vermifugação e do controle de ectoparasitas; quando começaram os sintomas, sua frequência e intensidade; se houve alguma mudança no ambiente em que o pet vive, como a introdução de outros animais, uso de novos produtos de limpeza etc.; se o animal fez uso de alguma medicação recentemente; se houve mudanças na alimentação; e se ele tem acesso à rua ou tem contato com outros animais que tenham.
De acordo com Renata, as alergias em felinos são condições tratáveis, mas que não têm cura e que podem ser ocasionadas por diversos fatores, tais como alimentos, produtos de limpeza, pólen, poeira, medicamentos e ectoparasitas como pulgas, ácaros e carrapatos. “A principal ferramenta para o tratamento da alergia em felinos está justamente na identificação e no manejo do animal frente ao que está causando a alergia, se possível, removendo o alérgeno de perto do bichano”, afirma Renata. Ciciane menciona também a necessidade de se prescrever corticoides em alguns casos. “E outra opção para trazer alívio é colocar um colarzinho ou roupinha para eles não se coçarem, evitando que a unha forme mais machucados”, indica.
Como a causa da alergia muitas vezes é alimentar, Ciciane acredita que é importante utilizar uma nova dieta, com uma proteína diferente, por no mínimo oito semanas. “Pode ser comida caseira ou ração comercial, mas é preciso tentar não usar medicação concomitantemente, para ver como ele reage. Se eu uso um corticoide ao mesmo tempo, estou mascarando a resposta para essa ração. Se o gato responder bem à nova alimentação, provavelmente deverá mantê-la pelo resto da vida”, explica a especialista.
Segundo Ciciane, ainda não é possível realizar testes de alergia em felinos.

PREVENÇÃO

Ciciane destaca que, para prevenir a alergia nos felinos, é necessário cuidar dos recém-nascidos da melhor forma possível: deixá-los sempre num ambiente limpo e permitir que tomem o leite da mãe, que é rico em imunoglobulinas que ajudam nas defesas do organismo, de modo que não haja problemas de reconhecimento de corpos estranhos lá na frente.
“Garantir que desmamem de forma correta e realizar um protocolo vacinal vai permitir que ele tenha um sistema imunológico sadio, e que o intestino não seja agredido, o que poderia desencadear uma alergia alimentar no futuro. Vacinar corretamente, nos intervalos indicados, e vermifugar conforme a dosagem própria para filhotes também serão medidas essenciais para trazer qualidade de vida ao gato. Quanto mais ele é exposto de forma incorreta ao meio quando ainda é muito novo, se não mama de forma adequada por exemplo, é acometido por quadros virais e bactérias, prejudicando a janela imunológica dele, podendo trazer maiores desafios no futuro”, diz.
Ainda assim, vale destacar que boa parte das alergias em felinos é de ordem genética, então não existe medida de prevenção que seja 100% eficaz.

{PAYWALL_FIM}

Nossos agradecimentos:

– Ciciane Marten fernandes Médica-veterinária dermatologista e alergologista, especializada em clínica médica de pequenos animais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mestre e doutora em sanidade animal (UFPel).

– Renata Pinheiro Médica-veterinária com pós-graduação Médica-veterinária da plataforma Guiavet, formada em medicina veterinária pela Faculdade UNA, de Minas Gerais, e pós graduanda em endocrinologia veterinária.


Por Lila de Oliveira


Clique aqui e adquira já a edição 141 da Pulo do Gato!