Confira como proporcionar a devida alimentação, higiene e ambiente para esse gato especialmente fofo e dotado de lindos e penetrantes olhos azuis

Não é de hoje que o Ragdoll está em expansão pelo mundo. Nos Estados Unidos, há quatro anos seguidos, a raça é líder em número anual de registros na Cat Fanciers’Association. Já na Grã-Bretanha, foi superado apenas pelo British Shorthair em 2021, entre as mais de 40 raças reconhecidas pelo Governing Council of the Cat Fancy.
“Um Ragdoll que esteja dentro do padrão e em boas condições vai chamar atenção pela sua beleza e comportamento”, afirma Carla Janke, do gatil Blumenkatzen Ragdolls, de Blumenau, SC. “Ele se destaca por ter porte grande, pelagem sedosa e olhos sempre azuis, mas o mais importante é o temperamento dele, o de um gato calmo, carinhoso e completamente relaxado no colo de quem ele confia”, completa Carla. “Seu grande chamariz é realmente o comportamento – Ragdolls gostam de estar sempre na companhia dos tutores: muitos chegam a comparar a raça com cães justamente por esse apreço por interagir com os humanos”, ratifica Julia Torello, do gatil RagBurt, de São Paulo. “O que diferencia o Ragdoll dos outros gatos é sem dúvida o temperamento característico da raça, dócil e companheiro, do tipo que nos segue por toda a casa”, reforça Lucia Botto do gatil Dolce Vita, também de São Paulo.
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“Na aparência, o que chama mais atenção são os olhos sempre azuis”, diz Julia. Isso acontece pelo fato de o Ragdoll ser um gato ponteado: como consequência, além de exibir olhos azuis, ele possui as extremidades – cauda, orelha, focinho e patas – em tons mais fortes que a cor do resto do corpo, como se fosse um degradê. “Essas duas características são fatores muito importantes na caracterização da raça”, afirma Andrea Botto, que cria a raça junto com a mãe, Lucia. “Justamente por serem gatos ponteados, por mais que muitos exemplares tenham a pelagem clara, eles nunca são inteiramente brancos”, completa Julia.

Gato: Blumenkatzen Rory

Prop.: gatil Blumenkatzen Ragdolls

Começando um Gatil
De acordo com Carla, criar o Ragdoll de maneira séria e responsável é algo relativamente difícil. “Por exemplo, em virtude da diversidade de combinações de cores na raça, as pessoas geralmente se confundem no início quanto a esse quesito”, ilustra a criadora, que explica que o Ragdoll pode se apresentar em sete diferentes cores (seal, blue, red, cream, tortie, chocolate e lilac), além da variação lynx (ou tabby), na qual exibe listras mais escuras que se sobrepõem a sua coloração.
Além de ser necessário estudar o padrão da raça das principais federações felinas mundiais e a genética (inclusive das cores do Ragdoll, é importante conversar com um criador experiente. Ele, por exemplo, pode informar sobre os custos envolvidos. “A procura por um exemplar para criação começa com a busca por um bom criador, cujos conselhos ajudarão o interessado a não começar o gatil de maneira errada”, diz Lucia.

É fundamental realizar um checape nos padreadores antes do acasalamento. “O ideal é que o criador tenha um médico-veterinário ou uma equipe com especialização em manejo de gatis, que possa acompanhá-lo e auxiliá-lo, tornando-se, assim, responsável pelo gatil, inclusive para algo fundamental antes dos cruzamentos: assegurar que os reprodutores estejam com as vacinas e o tratamento contra endo e ectoparasitas em dia, além de fazer ultrassonografia abdominal e exame de sangue completo nos futuros pais”, comenta Carla. “Para garantir a boa saúde, além desses e de outros exames básicos – como os de detecção da Fiv/Felv e o ecocardiograma –, sempre que se adquire um exemplar da raça para reprodução ele deve passar, antes do acasalamento, pelo teste genético negativo para o gene da Cardiomiopatia Hipertrófica Felina específico de Ragdoll”, completa Julia. “No caso de surgirem alguns defeitos genéticos não controlados por exames de DNA, o exemplar deve ser castrado e retirado do plantel”, completa Andrea. Além desses exames, Carla alerta que é importante manter um intervalo aproximado de um ano entre a gestação de cada fêmea. “Para que elas possam se recuperar bem antes de ter uma nova ninhada”, explica ela, que afirma também ser crucial manter os machos separados das fêmeas e, estas últimas, separadas por afinidades. “É preciso haver um planejamento e controle de natalidade, sem esquecer o risco de brigas por disputa de território, estresse ou possíveis doenças ao manter todos juntos”, diz Carla.
Quanto ao controle da aparência, a raça tem as suas particularidades. “Ela possui três marcações: colorpoint, mittede bicolor, que tem restrições de branco bem específicas no padrão”, relata Carla. “No caso do Ragdoll, é necessário realmente controlar o branco para que a aparência exibida seja a mais bem marcada possível”, comenta Lucia. “De fato, nesta raça, a distribuição do branco pelo corpo é bem específica e delimitada: por exemplo, na marcação mitted, que se caracteriza pelas luvinhas brancas e pelo focinho escuro, a luva branca da pata da frente deve cobrir apenas os dedos, enquanto na pata de trás a parte branca precisa ser maior, pelo menos até o calcanhar. O mitted também tem que apresentar uma linha branca contínua do queixo à virilha. Tudo isso são detalhes muito importantes para o criador, porque gatos mal marcados geram filhotes assim, e a aparência do Ragdoll está intimamente ligada à sua coloração”, completa Julia. Ela, que também é veterinária especializada em reprodução felina, explica que, por exibirem bom tamanho e estrutura corporal bem proporcional, Ragdolls não costumam ter muitos problemas para se reproduzir. “Assim, as fêmeas costumam parir com facilidade e, além disso, geralmente são boas mães”, diz ela, que, no entanto, alerta: “de uns anos para cá, o tamanho dos exemplares diminuiu um pouco em algumas linhagens e, assim, Ragdolls mais curtos estão sendo criados, o que não é bom para procriar nem com relação ao padrão da raça, que preza por estrutura grande”.
Em geral, cada ninhada de Ragdoll tem de quatro a seis filhotes. “Mas eu já cheguei a ter nove na mesma ninhada”, relata Carla.


Qualidade Nacional
Carla cria a raça desde 2005 e afirma que, ao longo dos anos, há cada vez mais Ragdolls de grande beleza por aqui: “acredito que isso se deva ao fato dos criadores sérios e responsáveis estarem participando de exposições – inclusive mundiais –, congressos e, acima de tudo, à troca de conhecimento e linhagens com outros gatis. Tanto que, em nossas exposições que aos poucos estão retornando após a pandemia, tenho observado cada vez mais Ragdolls nas finais”, conta a criadora. Andrea afirma que a qualidade dos Ragdolls no Brasil está equivalente à dos gatis internacionais. “Bons criadores que frequentam exposições possuem alto nível de excelência, o que leva os gatis brasileiros a se destacar, inclusive exportando exemplares e competindo em eventos nos Estados Unidos e na Europa”, relata Lucia. Julia confirma: “hoje em dia, o Brasil tem excelentes Ragdolls e uma diversidade grande de linhagens vindas principalmente da Europa e dos Estados Unidos. Os bons criadores, aqueles que se interessam em melhorar a qualidade dos exemplares da raça, vêm participando constantemente de exposições com juízes internacionais”.

Prop.: gatil RagBurt



Manejo correto do dono
O potencial proprietário particular de um Ragdoll deve ter em mente que esse gato adora companhia o tempo todo. “Chega, inclusive, a pedir colo, ronronando ao ver seu tutor”, relata Carla. “Então, ao adquirir um filhote, o tutor deve considerar o tempo que vai ficar com seu Ragdoll. Esses gatos não apreciam e não devem ficar sozinhos, pois podem facilmente ficar deprimidos, gerando estresse e, como consequência, algumas doenças oportunistas podem aparecer”, diz Andrea. “Em geral, o Ragdoll também gosta muito da companhia de outras espécies de pet, pois tem facilidade de se adaptar a todos os integrantes da família, ainda que isso também dependa do modo como é criado”, acrescenta Julia.

Onyx e Blumenkatzen Sharon Stone

Sandy/Prop.: Lucianne Eichstaedt
É importante lembrar que o Ragdoll é uma das quatro raças de gatos gigantes domésticos. “Assim, recomendo ter atenção especial aos móveis e ambientes, de maneira que eles sejam resistentes e comportem também o tamanho e peso desse gato. Em um ambiente com condições adequadas, o risco de ocorrer problemas é reduzido”, afirma Carla. Ragdolls machos não castrados pesam, em geral, de 6 a 8 kg. “Realmente os móveis devem ser específicos para gatos grandes, como arranhadores bem estruturados, prateleiras firmes e anatômicas e tocas para cochilos”, detalha Lucia.
Brinquedos são bem-vindos. “Mas não basta ter diversos deles: Ragdolls precisam e querem estarem nossa companhia, receber carinho”, pondera Carla.
Quanto à pelagem sedosa e macia do Ragdoll, Carla afirma que, por ser de comprimento semi-longo, é importante manter a escovação regular, a fim de conservá-la sedosa, ajudar a remover os pelos soltos e fazer com que eles não embaracem. Julia opta pela frequência de pelo menos três vezes por semana: “deve ser algo agradável para o Ragdoll e, por isso, é importante acostumá-lo desde pequeno, não forçar e, depois de cumprida a tarefa, ele deve ser recompensado com um petisco para associar ainda mais a atividade a um momento gostoso”, orienta . Já Andrea, Lucia e Carla preferem frequência diária.

Quanto aos banhos, eles devem ser dados somente quando o tutor achar necessário. “Mas vale lembrar que, nos períodos de troca de pelagem ou mudança de estação, eles ajudam a remover e eliminar os pelos mortos”, conta Carla. “Recomendo que sejam dados em casa, com produtos específicos para gatos e água morna – evite levar em pet shops”, diz Julia. Isso porque, normalmente eles se estressam em ambientes muitos cheios. Carla acrescenta: “outro serviço que geralmente os pet shops especializados em banhos de gatos fazem é o de aparar uma eventual quantidade maior de subpelo do Ragdoll”. Andrea e Lucia deixam a ração sempre à disposição de seus Ragdolls, e o tipo varia de acordo com a idade: filhotes, adultos e idosos. “O importante é estar atento à qualidade e quantidade do alimento”, ressalta Julia. “Também poderá ser dada a alimentação úmida, que ajuda a prolongar a vida do gato – para isso, é necessário consultar um veterinário nutrólogo para a devida orientação a respeito da quantidade de comida e das suplementações”, ensina Andrea. “Não recomendo o uso de suplementos sem orientação de um veterinário especializado em felinos”, alerta Carla.
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Nossos agradecimentos aos criadores:
CARLA JANKE, gatil Blumenkatzen Ragdolls – www.blumenkatzen.com.br
JULIA TORELLO, gatil Ragburt –[email protected], Instagram: @ragburt
LUCIA e ANDREA BOTTO, gatil DolceVita – www.dolcevitaragdolls.com.br, [email protected], Facebook:gatildolcevita, Instagram: @dolcevitaragdoll