Conheça seu padrão físico e os cuidados que exige no dia a dia.

Esse felino parece um bicho de pelúcia vivo. “O British Shorthair é incrivelmente bonito”, comenta Beatriz Taques, do gatil Sunshine BSH, do Rio de Janeiro. “Trata-se de uma das raças mais belas e procuradas em todo o mundo. Ela chama a atenção de todos pelo seu porte físico elegante e bem balanceado, seu olhar penetrante e sua belíssima e característica pelagem, que dá impressão de textura de veludo quando acariciada no sentido contrário do pelo”, diz Marco Antonio Barbato, do gatil British Barbato, de Guarulhos, SP. “Ele é muito exuberante. Seus olhos grandes e redondos, pelagem farta e corpo robusto lhe garantem imponência e expressão altiva”, afirma Csilla Almásy, do gatil Feline Britton, de Jundiaí, SP.
Beatriz destaca também o temperamento bastante carinhoso do British Shorthair com as pessoas que conhecem. “São realmente afetuosos, além de inteligentes e apegados à família. Gostam de crianças e de brincar. Tranquilos, equilibrados, dóceis e muito amigáveis, se afeiçoam bem com os outros pets da casa”, afirma Letícia Parreira Martins Correa, do gatil Donna Ághata, de Campos dos Goytacazes, RJ. “De fato eles se adaptam bem a outros animais de estimação e crianças, além de serem supercarinhosos”, confirma Csilla, que acrescenta: “Estão sempre por perto de seus donos, aos quais são fiéis, e são extremamente inteligentes, com capacidade gigantesca de aprendizado”.
POPULARIDADE
No Reino Unido, sua terra natal, desde 2001 o British Shorthair é o gato que conta com o maior número de exemplares registrados pelo Governing Council of the Cat Fancy (GCCF): em 2022, foram 9.549 que receberam registros da associação, que reconhece 40 raças. “Ele permanece ainda representado por toda Europa continental”, garante Letícia. Em nosso país, o British Shorthair também é atualmente popular, com muitos criadores da raça nas exposições. “É ultimamente a raça que mais conquista pessoas a cada dia no Brasil, onde ele possui crescente representatividade”, acrescenta ela.


Exemplar de propriedade de Marco Antonio Barbato, premiado no American Winner Show, realizado em junho
FÍSICO
“Basicamente, o British Shorthair deve ter olhos grandes e redondos, orelhas pequenas e bem posicionadas, com certa distância entre uma e outra, corpo robusto, cabeça redonda e pernas e cauda curtas”, comenta Csilla. “Os olhos são também bem separados entre si e bem abertos”, complementa Marco Antonio. “A cabeça dele é inconfundível, grande e expressiva”, conta Letícia. “A palavra ‘redondo’ é a mais presente para descrevê-lo nos padrões”, relata Beatriz. “As próprias bochechas salientes são arredondadas. Até mesmo as patas são arredondadas, além de fortes”, corrobora Letícia. “Ele realmente tem a aparência geral arredondada e um corpo compacto e sólido, com pescoço curto”, afirma Marco Antonio. “Seu focinho é largo, arrebitado e curto”, comenta Letícia. “Ele deve ser bem definido. Alguns exemplares da raça apresentam nariz mais curto do que outros, o que pode variar de acordo com a linhagem”, conta Marco Antonio. Beatriz concorda: “Notei variações desse tipo, dando margem para interpretações”. Mas Csilla pondera: “Acredito que em todas as raças há diversidade de características entre os exemplares, porém o padrão físico do British Shorthair é um só”. Letícia sacramenta: “Seu tipo permaneceu notavelmente estável”. A criadora comenta ainda que esse felino apresenta peito largo, pernas curtas e fortes, cauda grossa e uma pelagem brilhante. “O pelo do British Shorthair deve ser curto e denso a ponto de se tornar difícil enxergar a pele do gato. Ele se assemelha a uma pelúcia e deve exibir subpelo, porém esse não apresenta textura lanosa”, afirma Beatriz. Marco Antonio acrescenta e confirma: “É uma pelagem rente ao corpo, macia, mas firme e resistente, e realmente há presença de subpelo”.
Há também o British Longhair (Pelo Longo Inglês), hoje aceito pela maioria das principais associações gatófilas internacionais, como a Fédération Internationale Féline (FIFe), a The International Cat Association e a World Cat Federation.
Já o British Shorthair é reconhecido por todas as maiores entidades do segmento pelo planeta. “Foi introduzido na gatofilia há séculos”, conta Csila. “É a mais antiga raça de gato de toda a Inglaterra”, acrescenta Marco Antonio, que, assim como Csilla, cria tanto o British Shorthair quanto o Longhair. “Tenho um Longhair que nasceu de dois exemplares Shorthair”, relata Beatriz.
“O grande desafio de todos os criadores é juntar o maior número de características previstas pelos padrões da raça em um mesmo exemplar. Às vezes, um gato não tem o pelo tão cheio, porém os olhos são redondos e com ótima cor. Ou possui ótima estrutura e cor de olho mediana. Todos trabalham suas cruzas para chegar a filhotes perfeitos, e a graça do trabalho de criação e seleção é exatamente essa. Quando um criador consegue melhorar a qualidade dos exemplares, é sempre uma vitória para a raça”, comenta Csilla, que começou a criar o British Shorthair em 2013. “Nesses dez anos desenvolvendo esse trabalho com a raça British Shorthair, não só melhoramos a qualidade de meus gatos como também vi o desenvolvimento de outras linhas de sangue junto de colegas criadores. É lindo ver o aprimoramento sendo feito ao longo do tempo e a qualidade dos exemplares brasileiros começar a receber reconhecimento internacional”, conclui ela, cujo filho, Christopher Mühlegger, é parceiro no gatil.

As orelhas de um British Shorthair típico são bem separadas uma da outra e têm as pontas arredondadas

Criadora Csilla Almásy com exemplares da raça brancos: “A cor mais conhecida do British é a blue, que seria a cinza. Já a branca é uma cor rara aqui no Brasil e, mesmo na Europa, não é muito criada nem muito popular”, relata
LINHAGENS
Csilla afirma que as linhagens americanas têm como base as europeias. Assim, ambas possuem similaridades e a maioria dos criadores entrevistados não consegue fazer distinções entre elas. “Como o British Shorthair se originou na Inglaterra, as linhagens europeias acabam fazendo mais sucesso entre os criadores”, alega Csilla. “Estava morando nos Estados Unidos em 2022, época em que comecei a criar o British Shorthair e, de fato, os gatis que conheci lá têm como base linhagens europeias, assim como o meu, cujos reprodutores vieram da Alemanha, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão. A quantidade de exemplares trazidos do leste europeu para os Estados Unidos é absurda”, relata Beatriz. “Na Europa, os criadores conseguiram fortalecer muito a genética da raça, trocando linhagens e exemplares com maior facilidade pelo continente todo por conta da pequena distância entre os países”, acredita Csilla.
Mas Letícia nota uma fundamental diferença: “Os exemplares de linhagem europeia são geralmente maiores, mais pesados e compactos que os de linhagem americana”, conta ela, que afirma ainda que os machos típicos da raça podem chegar a pesar até 8 kg e que as fêmeas costumam ter entre 4 e 6 kg. “Esses gatos têm tamanho de médio para grande”, diz Marco Antonio.

Em se tratando das colorações sólidas, há exemplares da raça nas cores chocolate/marrom (na foto), preta, branca, vermelha, lilás (lilac), azul, bege/creme,
canela e dourada

British Shorthair silver chinchilla: na extremidade do pelo (cerca de 1/8) há um sombreado sobre a base prateada. A cabeça arredondada e as bochechas
salientes são traços comuns de todo British típico

Há exemplares de British Shorthair com cores combinadas que formam padrões bicolores (na foto, um bicolour lilac)
CUIDADOS
“A expectativa de vida de um British Shorthair é de 12 a 17 anos”, diz Letícia. “Além das melhoras no padrão estético, é importante ressaltar que outra preocupação de todo criador sério é produzir exemplares saudáveis. Nos últimos anos, muitos gatis brasileiros novos importaram exemplares e aumentaram as linhas de sangue do British Shorthair em nosso país”, comenta Csilla.
Já o tutor deve se atentar aos cuidados de manejo, como aparar as unhas uma vez por semana e realizar vacinação anual. “Esse gato é fácil de cuidar, mas devem ser tomadas medidas preventivas não só relacionadas às rotinas de higiene (incluindo a dos ouvidos, para evitar infecções, e dentes, na prevenção de problemas bucais, como tártaro e gengivite felina), vacinação, desparasitação e exames veterinários, mas também nutricionais. É importante proporcionar uma dieta equilibrada, completa e ajustada de acordo com idade, nível de atividade, estado de saúde e condições ambientais”, relata Letícia.

Os exemplares da raça exibem nível de atividade médio e amam ficar em cima da cama ou do sofá
Beatriz opina: “O ponto mais importante quanto ao ambiente onde o British irá viver é telar as janelas para não dar acesso à rua. Aconselho também oferecer arranhadores, torres e brinquedos, ou seja, um ambiente enriquecido para os exemplares da raça não se entediarem”. Csilla afirma que esses gatos exibem nível de atividade moderado e costumam dormir muito, além de não vocalizarem bastante. “Eles preferem estar no chão e não têm, entre suas especialidades, a velocidade ou a agilidade. São de bom tamanho e, assim, não costumam subir em locais bem altos nem escalar”, comenta Marco Antonio. “Eles amam ficar em cima da cama ou no sofá com o dono, ainda que não gostem muito de colo. Apesar de sempre pedirem carinho, só vão para o colo quando querem”, relata Beatriz. Csilla corrobora e acrescenta: “De fato não gostam muito de colo. São bastante educáveis. O tutor consegue ensiná-los, por exemplo, a não subir na pia e até a buscar e trazer bolinha e dar a pata”.
Ainda que a pelagem do British Shorthair seja considerada de fácil trato, Beatriz afirma que ela exige bastante escovação, pelo menos uma vez semanalmente. “Recomendo escovação três vezes por semana. Em geral, isso será suficiente para retirar os pelos soltos e deixar a pelagem sempre macia e bonita”, conta Marco Antonio. “Na muda da pelagem, se o proprietário não quiser ter pelo pela casa toda, aconselho escovação todos os dias”, diz Beatriz, que também é veterinária. “De fato, na época de muda, a escovação pode ser feita até diariamente, evitando que o gato ingira muitos pelos ao se limpar”, concorda Marco Antonio. “Nesse período, para esse mesmo fim e para favorecer a perda do pelo morto, indico também banhos que, normalmente, devem ser dados conforme o necessário”, diz Letícia. Csilla comenta que veterinários não recomendam banhos mensais. Beatriz confirma, inclusive para gatos em geral. Csilla finaliza: “A frequência de banhos varia bastante. Alguns gatos têm maior capacidade de se manterem limpos e esses precisam apenas de uma borrifada de spray banho a seco, cujo líquido evapora sozinho, e de uma boa escovação em seguida”.
Nossos agradecimentos:
– Beatriz Taques, gatil Sunshine BSH, www.sunshinecats.com, Facebook: Beatriz British Shorthair, Instagram: @sunshine_british_shorthair
– Csilla Almasy, gatil Feline Britton, www.felinebritton.com.br, [email protected], Facebook: Gatil Feline Britton, Instagram: @felinebritton
– Letícia Parreira Martins Correa, gatil Donna Ághata, Instagram: @cats_donna_aghata
– Marco Antonio Barbato, TONIO BARBATO, gatil British Barbato, www.britishbarbato.com.br, Instagram: @gatilbritishbarbato
Por Fabio Bense