No antigo Egito, o gato, de alguma maneira, já se mostrava muito próximo do homem, afastando ratos e cobras que invadiam suas casas e, consequentemente, doenças.
Assim sendo, durante mais de dois mil anos, no Egito, o gato, domesticado ou selvagem, foi cultuado, havendo pena de morte a qualquer pessoa que matasse essa espécie. Quando o felino morria, os proprietários cumpriam um ritual rigoroso de luto, acendendo velas, chorando, tocando e raspando as sobrancelhas, em sinal de respeito e reverência a este ser que foi tão querido por eles.
O gato, por excelência, é carnívoro e predador e, como tal, hoje, mesmo vivendo domiciliado, com alimento disponível, não perdeu seus instintos.
É um caçador nato, inteligente, e milhares de anos de sua domesticação não reduziram sua capacidade de caça, muito menos sua habilidade para tal.
A pouca necessidade de ingestão diária de água diz respeito à condição do gato em vida selvagem de consumir presas ricas em água, diminuindo a necessidade da quantidade de ingestão. Em casas e apartamentos, é sempre recomendável deixar disponíveis diversas vasilhas com água fresca, para seduzi-lo a beber mais. As fontes servem como bebedouros e são muito bem-vindas e sedutoras para o gato.
Desde filhote, o gato demonstra sua habilidade para a caça, em simples brincadeiras. Quando ele brinca com uma bolinha, por exemplo, podemos observar movimentos de captura.
Os gatos sempre optam por estar em locais altos, onde vão poder observar tudo ao seu redor e também localizar mais facilmente uma possível caça. Até dentro de casa, os felinos aproveitam muito bem o espaço aéreo, onde ficam horas de plantão, vigiando tudo o que acontece, além de estarem melhor protegidos de qualquer abordagem que não desejem.
Nessa posição privilegiada de vigilante de sua provável caça, o gato fica imóvel, aguardando um ruído, um odor, um movimento qualquer, indicando a presença da presa. Quanto mais perto ele conseguir chegar da sua presa, mais delicados e sutis serão seus movimentos.
Normalmente, as presas são capturadas através de uma mordida no pescoço e sua refeição se iniciará da cabeça para baixo, onde, nesse momento, as garras serão expostas para segurar melhor a vítima. Além da dentição perfeita para tal tarefa, alguns dentes serão usados para furar e matar e outros para cortar em pequenos pedaços a presa que servirá de alimento.
Os gatos aprendem a caçar com suas mães, que trazem para eles as presas ainda vivas e os ensinam todos os rituais dos grandes caçadores. Então, é sempre importante que os filhotes permaneçam o maior tempo possível ao lado da mãe, para aprenderem a caçar e se defender.
Ao contrário do que se diz, não adianta deixar um gato com fome em lojas, porões, garagens, achando que dessa forma haverá extermínio de roedores, pois o comportamento de caça não depende, absolutamente, do fato do gato sentir ou não fome.Dra. Luciana Deschamps, médica veterinária especializada em Medicina Felina e Comportamento. Clínica Veterinária Sr. Gato – www.clinicasrgato.com.br
Presidente da Ong FELBRAS – Felinos do Brasil