Quase 90% dos felinos têm, na saliva, a bactéria Pasteurella multocida. Assim, a mordida de gato costuma transmitir mais Pasteurella multocida que a de cão. Contudo as dentadas das espécies felina e canina não são as únicas a oferecer risco de patologia que pode levar a internações em hospital. “Toda mordida de animal, sem exceção, pode causar infecção fatal”, adverte o professor de infectologia Alexandre Naime Barbosa, da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu.
Nos Estados Unidos, os estudos foram feitos com gatos. Foram acompanhados 193 casos de pessoas atendidas no pronto-socorro da Clínica Mayo, entre o início de 2009 e o final de 2011, com infecção decorrente de mordida de gato na mão. O resultado, publicado em fevereiro no Journal of Hand Surgery, indica que 30% dos pacientes precisaram ser internados. Os procedimentos a que foram submetidos incluíram tratamento intravenoso com antibiótico e cuidados como limpeza da ferida com jato d’água (irrigação) e remoção de tecidos necrosados (desbridamento). Oito desses pacientes passaram pela intervenção mais de uma vez. Entre os fatores de risco que contribuíram para a necessidade de hospitalização foram identifi cados tabagismo, estado imunológico comprometido e mordida que atingiu articulação ou revestimento de tendão.
“Vermelhidão, inchaço, dor e dificuldade para mover a mão são sinais de provável infecção e de necessidade de tratamento”, diz Brian Carlsen, principal autor do estudo e cirurgião na Clínica Mayo. “Como a mordida de gato penetra facilmente na pele, as bactérias podem se multiplicar rapidamente”, acrescenta. Das dentadas tratadas em hospitais nos Estados Unidos, cerca de 15% são de gatos. Vale lembrar que naquele país felinos superam, em número, os cães. Gatos são os pets queridinhos dos norte-americanos.
A Pasteurella multocida, mundialmente encontrada na flora da boca de cães e gatos, não causa problema quando entra em contato com a pele humana por meio de lambidas. Mas, ao penetrar no corpo humano em decorrência de mordida ou, mais raramente, de ferida causada por arranhadura, pode provocar infecção na pele, no tecido subcutâneo e até no músculo. Sem tratamento, a infecção pode causar complicações.
Mesmo porque o risco não se resume à ação da Pasteurella multocida. “Bactérias presentes na nossa pele também podem causar infecção
se uma mordida lhes der acesso ao sangue”, pondera Alexandre. “Ao ser mordido, mesmo sem sinais claros de infecção, é importante ir ao pronto-socorro”, recomenda. O tratamento é feito com antibiótico como a amoxilina. “Há, ainda, a necessidade de prevenção contra a raiva, pois o animal pode ter tido contato com portador da doença, como morcego”, lembra Alexandre.
Acesso ao estudo da Clínica Mayo:
Acesso ao estudo da Clínica Mayo: http://goo.gl/qiwWyP