12 comportamentos felinos explicados

Publicado em 01/05/2024

Não tenha mais dúvidas sobre o que motiva seu felino a ter certos hábitos no dia a dia

Foto: loongar/iStock

Se você é gateiro ou gateira de primeira viagem, talvez ainda não esteja habituado aos comportamentos – muitas vezes inesperados – dos gatos. A seguir, desvendamos algumas dessas ações que garantem o gracejo da espécie felina.

1. “AMASSAR PÃOZINHO
Todos os gatos, pelo menos em algum momento da vida, já tiveram o hábito de afofar, o que ficou popularmente conhecido como “amassar pãozinho”. “Esse é o movimento feito pelos filhotes ao mamar, e, se na vida adulta, seu gato mantiver esse comportamento, provavelmente não será um problema. Ele faz isso quando está relaxado, tranquilo, porque remete a uma memória boa da sua primeira infância, com a mãe o lambendo enquanto ele mamava”, descreve Débora Paulino, médica-veterinária e fundadora da Mais Gato. “É um comportamento natural dos gatos. Assim, só se deve interferir se o gato começar a babar sempre que estiver afofando, como se fosse mamar, o que pode se tratar de um distúrbio comportamental”, alerta.

2. MASTIGAR ITENS NÃO COMESTÍVEIS
Muitos tutores, quando são surpreendidos por seus gatos devorando plásticos, tecidos, papéis, fios, cabos ou qualquer outro item não comestível, acreditam que esta seja uma característica do animal. Mas, na verdade, esse comportamento compulsivo, que pode prejudicar a saúde do pet, demanda investigação clínica e comportamental, uma vez que pode se tratar de alotriofagia ou síndrome de pica – doença que precisa de tratamento.

3. ELIMINAR BOLAS DE PELO
Outra situação que para muitos donos de gato pode ser corriqueira é quando o bichano começa a fazer movimentos e barulhos e, em seguida, vomita uma bola de pelo. “É algo que muita gente considera normal, mas nós precisamos ajudar nesse controle de pelos. Então é necessário auxiliar o gato fazendo a escovação de três a quatro vezes por semana, principalmente em trocas de estação”, recomenda Juliana Damasceno, bióloga, mestre e doutora em Psicobiologia e fundadora da WellFelis Comportamento e Bem-Estar Felino. Ela explica que reduzir as bolas de pelo é importante pois elas podem acarretar problemas no sistema gastrointestinal.

4. ACORDAR O TUTOR DE MADRUGADA
Os ancestrais dos gatos eram caçadores noturnos, o que faz com que eles fiquem naturalmente mais ativos na madrugada. Muitos, é claro, já se acostumaram à rotina dos humanos e acabam tendo um menor nível de atividade durante a noite – acordam, usam a caixa de areia, bebem água e voltam a dormir. “Outros, no entanto, vão acordar superativos e querer brincar, principalmente por volta de 3 horas da manhã, que é quando ocorre o ápice da atividade predatória. Então esse é um comportamento próprio da espécie”, esclarece Débora. Segundo ela, os tutores só devem tomar alguma atitude se o gatinho estiver perturbando muito o conforto, o descanso e a tranquilidade da família. Nesses casos, seria preciso ter um preparo para a hora de dormir: oferecer um sachê para ele se alimentar e ficar com a barriga cheia, ficar mais quietinho e já embalar o sono – e não o incentivar a brincar na cama.

5. ESFREGAR AS BOCHECHAS EM TUDO
De acordo com Juliana Damasceno, o gato se esfrega nas quinas dos móveis, nas paredes e nas pessoas para deixar seu odor no ambiente. “É uma marcação territorial corporal prazerosa. Ele faz isso quando está se sentindo confortável, quando quer mostrar a outro gato que aquele é o ambiente dele ou quando quer deixar seu odor em um humano. É como se fosse um abraço de gato e é um comportamento completamente normal”, diz a fundadora da Wellfelis. Para Débora Paulino, da Mais Gato, é um sinal de aprovação, como quem diz ‘você está na lista de coisas e pessoas que eu reconheço como familiares’. Ela destaca, ainda, que essa ação também tem como função fazer com que, ao voltar a esse ambiente, o gato tenha a sensação de familiaridade, bem-estar e conforto.

Foto: Lucrezia_Senserini/iStock

6. LAMBER O DONO
Às vezes o gato chega perto do humano e começa a lamber a cabeça, o nariz, o rosto, a mão… O que esse gato está dizendo? “Que ele ama esse humano e não necessariamente que esse humano está sujo. É o comportamento de limpeza dele, de cuidado, mas ele faz isso também porque, enquanto está se lambendo, se limpando, está depositando seu odor característico. Então também é um sinal de amor e cuidado. No geral, eles fazem isso como apreciação, uma forma de carinho e de troca”, diz Débora.

7. NÃO GOSTAR DE CARINHO
Apesar de todo esse amor pelo tutor, não são todos os gatos que permitem que a gente faça carinho, toque, escove. Mas isso não significa que ele não goste do seu tutor. Eles muitas vezes apreciam a companhia daquela pessoa. “Por exemplo, você está no seu quarto e o gato escolheu estar ali com você, ainda que ele não queira que você passe a mão nele. Se você tentar tocá-lo, ele vai sair ou vai dar uma rodadinha e virar de costas para você. Ele está dizendo ‘não gosto que me toque mas gosto de estar perto de você’”, afirma Débora. “Ele podia estar escondido, podia estar no canto dele, mas ele escolheu ficar perto de você. Só que ele não quer o carinho ativo. E tudo bem”, completa.

8. FAZER XIXI EM SPRAY
Inspecionar os odores do ambiente e, em seguida, virar-se, tremer o rabo pra cima e soltar um jato de urina em spray é mais um comportamento relacionado ao olfato e à marcação territorial. “Mas, nesse caso, é uma marcação de alarme, de incômodo, sinalizando que um gato não quer a presença de outro naquele lugar”, informa Juliana. Ela afirma que, se isso acontece dentro da nossa casa, é um sinal preocupante, principalmente se o gato não for castrado. “É um comportamento que pode ter relação com reprodução, então é indicado castrar o animal. E, se o gato for castrado, pode ser uma sinalização de estresse ou outras questões que devem ser investigadas”, recomenda.

9. BATER OS DENTES E VOCALIZAR
Outro comportamento curioso destacado por Juliana Damasceno se dá quando o gato está avistando um objeto ou um animal a longa distância e, então, ele bate os dentes e faz uma vocalização que muita gente conhece como kekeke, mas que na verdade se chama chattering, que significa tagarelar. Para a profissional, existem duas possíveis explicações para esse comportamento. De acordo com a primeira hipótese, quando o gato avista uma potencial presa e não consegue ter acesso a ela, ele emite esses sons por frustração. Na segunda hipótese, o gatinho estaria imitando o som daquela presa. “Eu acredito mais nessa segunda explicação, porque alguns gatos conseguem inclusive chegar muito próximo de conseguir atrair a presa quando imitam seu som”, conta Juliana.

10. DAR SOBRESSALTOS DE SUSTO
Saltar para trás de forma muito abrupta e muito alta é um comportamento de defesa frente a uma ameaça repentina e mostra que o gato pode estar assustado e com medo. Juliana alerta que esses sobressaltos viralizaram em vídeos na internet, com pessoas usando papel alumínio, pepino, fita adesiva e outros objetos para provocar o salto de susto em gatos. “Isso é totalmente contraindicado porque pode gerar um estado crônico de estresse. O pet pode ficar com medo extremo e ter sua saúde física e emocional afetadas. É um comportamento diferente, que muita gente acha engraçado, mas é importante alertar.”

11. ROSNAR QUANDO TEM MEDO
Débora Paulino chama atenção para o fato de que praticamente todos os gatos costumam rosnar em situações de medo, ansiedade e estresse. Uns têm sinais de agressividade mais discretos; outros são mais exacerbados. “É uma forma de demonstrar insatisfação ou de colocar limite, seja para um outro gato que esteja ali numa situação de briga, seja para um ser humano que esteja passando do limite daquele gato. O rosnar é como se fosse o nosso ‘Pare!’. É um sinal claro de desconforto, de descontentamento, um alerta para os tutores”, diz. “Mas os tutores não devem tomar uma atitude em relação a isso, porque é uma forma de o gato se expressar”, pondera. “Ele não rosna sem motivo. O que o tutor tem que observar é qual a situação que leva esse gato a rosnar. Quando alguém visita a casa e tenta manipular o gato? Quando está com medo porque ouviu um barulho diferente? Quando o gato do vizinho aparece na porta de casa?

”12. SER “LÍQUIDO”
Nossos amigos felinos conseguem entrar e passar em locais mínimos. “Em situações de medo, eles acabam entrando em lugares que a gente nem consegue imaginar que seja possível – e às vezes nem eles conseguem imaginar. Eles dão o jeito deles porque são extremamente flexíveis e, por serem altamente inteligentes e curiosos, usam essa capacidade para tentar vencer pequenos desafios. Os tutores só devem interferir nesse comportamento caso haja risco de o gato se machucar”, ressalta Débora.

Nossos agradecimentos:
Débora Paulino, Formada em Medicina Veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi, pós-graduada em Medicina Felina, certificada pela ISFM em Advanced Feline Behaviour, professora e coordenadora de pós-graduação em Medicina Felina, mentora e professora Gefel Anclivepa, certificada Fear Free Shelter, certificada pela AAFP Cat Friendly Veterinarian, secretária do Coletivo Afrovet, fundadora e mente criativa da Mais Gato e membro da ABFEL e da ISFM. instagram.com/[email protected]

Juliana Damasceno, Bióloga, mestre e doutora em Psicobiologia pela USP e UCC (Irlanda); e fundadora da WellFelis Comportamento e Bem-Estar Felino, empresa pioneira em atendimentos comportamentais e cat sitter exclusivos para felinos no Brasil. Atualmente é professora do curso de Pós-Graduação em Comportamento e Bem-Estar Animal do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp) e consultora comportamental pela WellFelis, com atendimentos presenciais para São Paulo e online para o Brasil e o exterior.
wellfelis.com.br


Por Lila de Oliveira


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